O ex-presidente apedeuta Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu, durante anos, se manter afastado dos escândalos de seu governo – e do de Dilma também – imputando responsabilidade nos outros, como se nada soubesse. Agora parece que o bicho vai pegar. Na semana passada, a Polícia Federal confirmou ter aberto inquérito contra Lula, que terá de sujar seus nove dedinhos na ficha policial.
No inquérito, a PF quer saber se é verdade (oh! não diga!) que Lula foi o intermediário de uma bufunfa de 7 milhões de reais que a Portugal Telecom repassou ao PT. Lula foi dedurado pelo operador do Mensalão, o publicitário Marcos Valério, que está na cadeia. Segundo Valério, Lula falou pessoalmente com Miguel Horta, presidente da Portugal Telecom, para conseguir o dinheiro, que seria para pagar dívidas de campanha.
Marcos Valério estava quieto e pagando o pato sozinho. Mas resolveu abrir o bico ao ver que todo mundo estava se safando das negociatas. Num depoimento à Procuradoria Geral da República, contou o que sabia.
O depoimento de Marcos Valério resultou em seis procedimentos: um, o inquérito aberto pela Polícia Federal: outro, como se trata de caixa dois em campanha, foi para a Justiça Eleitoral. E outros quatro, todos ligados ao esquema de corrupção do Mensalão, devem ainda virar inquérito.
E por que Valério estava de bico fechado? Porque havia recebido garantia do próprio Lula que sua punição seria, digamos, suave. Não foi. O Supremo Tribunal Federal (STF) lhe deu 40 anos de cadeia por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro.
Valério disse ainda que Lula sabia de tudo, comandava tudo e era o chefe. Os promotores ouviram seu depoimento como música. Mas Valério quer o privilégio da delação premiada – conta mais ainda, se os promotores o tirarem da cadeia logo.
Marcos Valério entrou na história porque operava o Mensalão. Como tinha uma agência de publicidade, esquentava as notas para que o dinheiro chegasse à agência, e dali ia para os partidos e políticos do Congresso que apoiavam Lula.