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sexta-feira, 26 abril, 2024

História, memória, cultura. Este é o Sebo de Maurício

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Um dos maiores acervos do Brasil está em Jundiaí. Sebo Jundiaí tem a página do Facebook visitada por 80 mil pessoa por semana
À primeira vista, o prédio de número 271 da rua Torres Neves, em Jundiaí, pode parecer mais uma loja de quinquilharias. Ledo engano. Nesse prédio está um dos maiores acervos de livros, revistas, discos, CDs e DVDs de todo o Brasil. De quebra, uma das maiores coleções de fotos de Jundiaí antiga.
O Sebo Jundiaí não nasceu do nada. Seu dono é Maurício Ferreira, que teve a vocação despertada aos seis anos, quando começou a guardar fotos da família; com o tempo, fotos das famílias dos amigos. Aos 16 anos, quando trabalhava numa agência de turismo local ia sempre para a Capital, e lá descobriu os sebos. Ouviu muitos conselhos de seus donos, além de incentivo, e passou a remoer o sonho, tornado realidade em 2002.
Maurício é professor – dá aulas na escola professor Luiz Rosa, a mesma onde fez o Ensino Médio, há 18 anos. Também dá aulas na Faculdade Anhanguera. É advogado especializado na área trabalhista e Direito do Consumidor, com pós-graduação em Gestão de Pessoas. Jundiaiense nascido no Anhangabaú, tem dois filhos.
“Hoje temos um dos maiores acervos do interior do Brasil, diz Maurício. São mais de 60 mil livros, separados por gênero e ordem alfabética dos títulos”. E não fica só nos livros. O sebo tem mais de 80 mil gibis, 120 mil revistas, onze mil CDs originais e outros quatro mil DVDs, além de brinquedos antigos e a moda atual: os discos de vinil, os chamados bolachões. São outros 12 mil.
Maurício entende que o sebo atualmente não tem somente o apelo financeiro. “Há também o apelo ambiental, pois os nossos produtos são reaproveitados, reusados, o que reduz o desmatamento para a produção e a consequente poluição”. E o que esse povo procura nos sebos?
De tudo. Principalmente os livros recomendados para os vestibulares da Fuvest e Unicamp, literatura nacional, sagas e os religiosos. E clientes não são somente os daqui. “Temos clientes em cidades vizinhas, na Capital, e além disso vendemos pela Internet para o Brasil e outros países”, diz ele.
Manuseando livros e revistas dia e noite, muita raridade já passou por suas mãos. “Já tivemos livros autografados por autores como Guilherme de Almeida, Machado de Assis, Jorge Amado – conta Maurício. Tivemos também discos autografados por Tim Maia, Maysa, Chico Buarque e Bee Gees, e um raríssimo, do Michael Jacson, que foi vendido para um cliente na França”.
E as raridades não ficam por aí. Já teve revistas variadas, como a edição da Fon de 1897, primeiras edições de muitas nacionais, e um livro alemão editado em 1864. E quem pensava que eram só os mais velhos que gostam de ler, uma novidade: “Nem tudo está perdido, afirma Maurício. Cada dia mais jovens nos procuram e são apaixonados por leitura e música de qualidade. Não deixam a Internet, mas a usam com equilíbrio, inteligência e beneficamente”.
O preconceito de comprar coisas usadas já foi maior. “Em Jundiaí a maioria não tinha o hábito de comprar livros em sebos, como em cidades maiores. Mas hoje, como as livrarias não fazem mais grandes estoques, todo mundo descobriu o sebo”. E sebo tem outra vantagem: quando o cliente se cansar do livro, ou não mais se interessar, pode revendê-lo a Maurício pela metade do que foi pago. Mas precisa levar outro.
O acervo de fotos, disponível na Internet, é outra história. São mais de oito mil fotos antigas de Jundiaí, separadas por álbuns, lugares, temas e épocas. “Faço isso por amor à cidade, diz ele. Não apenas preservar a história, mas também aguçar nos mais jovens o amor por Jundiaí”. No acervo, a foto mais rara é uma da rua do Rosário, de 1864.
O trabalho e a dedicação do professor dá bons frutos. Hoje, a página do sebo no Facebook é vista em 28 países. E não faltam leitores: são 80 mil visitas por semana, ou pouco mais de 300 mil por mês.

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