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sábado, 27 abril, 2024

Incrível falsidade

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Na semana passada, a Polícia Federal esteve em Jundiaí e prendeu o advogado Flávio Lúcio Magalhães, o Flavinho, para ouvi-lo em Curitiba nas investigações da Operação Lava Jato. Um procedimento até de rotina a prisão temporária (cinco dias) de quem pode estar envolvido em algum ilícito penal.
Flavinho é bem conhecido em Jundiaí, tanto nos meios sociais quanto nos meios políticos. Mas, de hora para outra, ninguém mais se lembrava dele. Alguns, outrora íntimos, diziam que mal o conheciam; outros, não tão íntimos, garantem que só o cumprimentavam. Se Flavinho tem ou não contas a acertar com a Justiça é problema dele. Mas negar que havia amizade é uma falsidade sem limites.
Há alguns anos, um italiano, Vicenzo, fez inúmeras amizades na cidade. Abriu uma boate considerada classe A, emprestava dinheiro e frequentava boas rodas. Um dia a Polícia Federal o levou embora – descobriu-se que Vicenzo não era seu nome, e que na Itália estava condenado por pertencer à Máfia.
Foi a mesma coisa. De repente ninguém tinha amizade com o italiano, alguns só ouviram falar e outros só o cumprimentavam por educação. O italiano passou a ser tratado como cão sarnento. E que mal havia ter amizade com um mafioso sem saber que ele era mafioso?
Mas essa falsidade é coisa bem antiga. A Bíblia narra que o apóstolo Pedro negou ter amizade com Jesus Cristo depois que ele foi preso pelos romanos. Pedro, que viria a ser o primeiro papa, foi mais longe – disse que nem conhecia Cristo.
Nessa hora chega a ser elogiável a atitude do ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi. Fala abertamente sobre suas amizades, principalmente com a mulherada de vida torta e de suas preferências sexuais, mesmo estando velho para esse tipo de mercado. Berlusconi nunca negou que promovia farras de deixar Calígula corado de vergonha.
Bill Clinton admitiu ter fumado maconha em sua juventude, e nem por isso deixou de ser presidente dos Estados Unidos durante oito anos. Barak Obama, no auge de sua carreira, visitou parentes pobres no Quênia, país de origem de sua família. E o Papa Francisco nunca escondeu sua paixão pelo futebol e sua torcida pelo San Lorenzo argentino.
O caso de Flavinho Magalhães só mostra a face podre do ser humano, que procura se aproximar de quem lhe interessa, para negar, minutos depois, qualquer contato se esse cair em desgraça. Flavinho, por ora, só foi ouvido. E ele nunca escondeu sua condição de lobista de construtora. Se fez coisa errada é problema dele. Mas negar que o conhecia beira a insanidade.

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