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sexta-feira, 26 abril, 2024

Editorial: O rôto e o rasgado

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No começo da semana, os nobres senadores, nossos legítimos e impolutos representantes, escolheram a comissão que vai analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma. Até ai procedimento normal, previsto em regimentos, normas, leis e outros artifícios. O problema está na qualidade dos 21 senadores escolhidos.
Dos 21, oito estão respondendo a inquéritos ou processos pelos mais variados crimes – são senadores que passeiam pelos artigos do Código Penal e do Código Civil. Alguns, também em artigos do Código Eleitoral. E são eles os primeiros julgadores; eles é que vão dizer se o processo de impeachment vai ou não ao plenário.
Isso equivale a convidar Fernandinho Beira Mar para um júri popular. Ou convidar o bispo para o concurso de miss bum-bum. Uma heresia, está certo, mas colocar gente emporcalhada de processos e acusações para julgar a presidente é o que se pode considerar popularmente como o fim da picada.
Quatro desses 21 senadores estão metidos na Operação Lava Jato. Outros quatro metidos na corrupção da Petrobras. O campeão é Lindenberg Farias, que responde a cinco processos. A ex-ministra da Casa Civil, hoje senadora Gleisi Hofmann também está no rolo, denunciada pelo colega Delcídio Amaral como corrupta.
Outro senador, Fernando Bezerra, além de se meter em corrupção é também acusado de dirigir bêbado. O vetusto Aloysio Nunes, do PSDB paulista, está num inquérito resultante do descobramento da Operação Lava Jato, que ainda não pode se tornar público.
Como de praxe, todos negam, alguns de forma enfática, outros por vias tortuosas. Mas negam. Não é necessária uma pausa para meditação. Basta ficar cinco minutos na TV Senado para concluir que além de ladrões são também ótimos artistas. Performances dignas de um Oscar, tal o convencimento de suas falas e seus gestos.
A palhaçada que foi a votação na Câmara, no dia 17 de abril, já nos decepcionou o suficiente. Doeu ver e ouvir deputados semi-analfabetos dedicando votos para os vizinhos e para os filhos; doeu ouvir a verbalização de idéias retrógadas, imbecis e inócuas. Mas, infelizmente, deputados (e senadores também) nada mais são do que um extrato da população.
São eleitos porque se identificam com o eleitor. E aí vale a máxima de que os iguais se atraem; estão lá os que melhor mentiram, que mais promessas fizeram, que mais iludiram um povo desesperançoso. Nesse embate não há vencidos nem vencedores. Todos nós estamos perdendo, jogando anos de nossa vida pelo ralo, à espera de algum maluco que apareça e dê um jeito, mesmo radical, em toda essa zona.

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