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sexta-feira, 26 abril, 2024

Aposentados, morram em paz

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Falar que idoso e aposentado e maltratado é chover no molhado. Mas um fato chama a atenção nesta semana, quando sindicatos pediram, e continuam pedindo, mais benefícios aos seus patrões – algo muito justo. Sindicatos e patrões negociam índices de aumento de salários, aumento de vales, mais cobertura de planos de saúde, mais conforto no transporte – algo também muito justo.
Aposentados não têm nada para negociar. São obrigados aceitar a migalha que o governo oferece e ponto final. Pior ainda – quando se aposentam passam a ganhar muito menos que recebiam, e isso vai ficando cada vez menor.
Aposentados não têm direito à cesta básica, ao vale alimentação, ao vale transporte, ao plano de saúde da empresa. Alguém poderá alegar que aposentado, via de regra, já é idoso e não precisa de vale transporte. Mentira. Aqui em Jundiaí, que tem sua própria regra – diferente de todo o Brasil – só não paga transporte (ônibus) quem tem mais de 65 anos. O Estatuto do Idoso considera idoso quem tem mais de 60.
Quem trabalha pode conseguir arrancar alguma coisa a mais fazendo greve. Aposentados nem esse direito têm. Aposentados e idosos são mal vistos nos bancos e lotéricas porque têm preferência na fila. Ou melhor, teriam. Bancos e lotéricas, assim como supermercados e shoppings, inventaram a fila para aposentados. Inventaram o caixa preferencial.
E é nessa fila que se amontoam os idosos (aposentados), gestantes e deficientes. Amontoam-se sim, porque normalmente há muitos caixas para atender os demais. Segundo a lei, o atendimento tem de ser preferencial. Preferencial quer dizer ser atendido primeiro, ter preferência.
Aposentados (idosos) sofrem com resignação – ou pelo menos a maioria. Há sempre os mais conscientes e revoltados que questionam essa situação. E esse questionamento é visto por outros como sendo barraco, baixaria.
Queixam-se outras pessoas (as que não são idosas, não estão grávidas nem são deficientes) que aposentados (idosos) não têm o que fazer, que poderiam ficar no fim da fila. Não é bem assim. Aposentados estão se sujeitando à humilhação de trabalhar para escritórios a troco de quase nada, para pegar fila e pagar contas e guias de impostos.
Mesmo que nada tivesse a fazer, têm o direito de aproveitar o mínimo que a vida pode oferecer a alguém que já trabalhou muito, tem família, criou filhos e hoje ajuda cuidar de netos – o ócio. E note-se o número de crianças que ficam o dia todo aos cuidados de avós (aposentadas). Mamães precisam trabalhar. Muitas por necessidade, outras para ter dinheiro para comprar o próprio batom.
Aposentados (idosos) são lembrados somente na hora em que políticos nojentos e asquerosos precisam de votos. Aí sim são heróis, são os homens e mulheres que ajudaram construir nossa cidade, nosso país. Passadas as eleições, aposentados voltam ao ostracismo, ao desprezo.
Uma só coisa é reconfortante aos idosos – saber que a média de vida da população está aumentando. Isso quer dizer que as pessoas irão viver mais. E logo, dentro de alguns anos, essas mesmas pessoas que desprezam, ofendem, reclamam dos idosos, também serão pessoas idosas. E aí, também vão exigir seus direitos?
Anselmo Brombal

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