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sexta-feira, 26 abril, 2024

Se pode complicar, por que simplificar?

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As coisas são simples, as pessoas complicadas. E as pessoas fazem de tudo para complicar o que deveria ser simples. Basta prestar atenção no que acontece ao nosso redor, nos noticiários, nos avisos e em tarefas corriqueiras. Já foi pior, parecia que ia melhorar, mas piorou. Tudo está complicado.
Estava tão ruim que de 1979 a 1986 o país tinha o Ministério da Desburocratização, por onde passaram três ministros. E no ministério ficou resolvido que nada ficou acertado. Um dos decretos, que colocou fim na exigência do reconhecimento de firma em cartório, por exemplo, virou fumaça. Ninguém respeita. Todo mundo quer firma reconhecida.
Um outro exemplo latente da complicação é anúncio de imobiliária. Lá aparece a venda de casa ou apartamento de 03 quartos, 01 sala. Por que o zero? Acaso alguém chega numa lanchonete e pede zero um sanduíche de presunto? Alguém procura o amigo para pedir zero um favor? A colocação do zero em documentos é necessária para evitar falsificação. Mas casa de 03 quartos é o máximo. Ainda mais se sabendo que cabe 01 carro na garagem.
Alguns vereadores também gostam de complicar, de chover no molhado. Jundiaí, por exemplo, criou recentemente o Dia dos Pais e o Dia das Mães, como se não existissem. Ou é brincadeira ou é falta do que fazer.
Avisos em portas de elevadores são o máximo: verificar se o elevador está parado no andar antes de entrar. Isso seria válido em velhos tempos, quando as portas eram abertas manualmente e eram do tipo pantógrafo. Hoje é praticamente impossível entrar no elevador se ele não estiver no andar.
E já que gostam de complicar, elevador não deveria se chamar elevador, e sim ascensor. Tanto que há o ascensorista, e não o elevadorista. Elevador fica no lado externo do prédio e só serve para transportar carga durante sua construção.
Coisa mais idiota que o aviso “sorria, você está sendo filmado” não existe. E tem muito lugar que ainda ostenta esse aviso. Os alertas em supermercados sobre a proibição de bebidas alcoólicas para menores são verdadeiros atestados de analfabetismo. Erro gritante de concordância verbal.
Complicados também são alguns encarregados de fazer cartazes em supermercados. Não são difíceis de encontrar promoções de vodca Ismírnof, nem de uísque Balantáines. O idiota que produz esse tipo de cartaz não se dá ao trabalho de copiar o rótulo. Só perde para quem coloca a placa de “piso molhado”, como se todos fossem cegos e não vissem água no chão.
Placas de sinalização de trânsito, em muitas cidades, são tantas que chegam a confundir o motorista. Bastaria uma, mas algum iluminado resolve colocar mais. Lugar onde precisa de fato fica esquecido. Como também fica esquecida a pintura de lombadas. Poluição visual que não acaba nunca.
Pra resumir, o jornalista Armando Nogueira costumava dizer que escrever é a arte de economizar palavras. E citava o exemplo do sujeito que montou a banca de peixes à beira de um rio, e nela colocou um aviso: vende-se peixe fresco. Com o tempo e com a observação da clientela, o aviso foi retirado.
Primeiro, que banca não estava lá para doar peixes. Segundo, que se estava na beira de rio era evidente que os peixes eram frescos. E por último, que todo mundo via que era peixe. Descomplicou.
Anselmo Brombal

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