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sexta-feira, 26 abril, 2024

Alô garotada, o circo chegou

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Há várias maneiras de impedir as pessoas de pensarem. A censura pura e simples é a mais brutal, e nem sempre dá resultados. A melhor reside na velha norma do Império Romano – dar ao povo pão e circo. É o que estamos recebendo de nossos governantes. Em partes. Só há circo, e o pão está cada dia mais difícil de conseguir.
Um exemplo: antes os jogos de futebol só aconteciam nos fins de semana. Depois passaram para as quartas-feiras também. Hoje há jogos todos os dias. Esticam-se as rodadas, misturam-se os campeonatos e as séries, e assim há com que distrair o povo ignorante de segunda a segunda.
Outro exemplo? As novelas antes eram mais restritas. Hoje há novelas em todos os horários, com os mais variados temas e repetições de capítulos e séries antigas. Incentiva-se festivais e encontros ditos culturais. Na falta de dinheiro de prefeitura, o próprio governo federal manda ajuda para escolas de samba.
O importante é manter o povo ocupado com essas frivolidades. E enquanto todos estão ocupados, eles, os crápulas, fazem o que bem entendem, e ninguém questiona, ninguém reage, ninguém protesta. Todos parecem viver em outro mundo, o país de maravilhas de Alice.
Por muito menos do que isso correu sangue. Mas isso numa época em que homens tinham caráter. Tiradentes foi enforcado por liderar uma revolução, a Inconfidência Mineira. Motivo da revolta: o quinto. Traduzindo, um imposto de 20% sobre a exploração do ouro. 20% que mandaram muita gente pra cadeia ou pra forca.
Hoje cobrar 20% de imposto seria caridade. Imposto de Renda está em 27%, e já há rumores que pode chegar a 35%. ICMS fica nos 18%, mas nada escapa dele. Se fabricar alguma coisa cai no IPI. Se comprar ou vender uma casa, apartamento ou terreno vai pagar imposto também, o ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Intervivos). O carro, que quando saiu da concessionária já veio com IPI e ICMS, paga 4% de IPVA.
Em média, pagamos 52% de impostos. Segundo economistas, trabalhamos pouco mais de cinco meses do ano só para pagar impostos. E em troca o governo nos dá péssimos hospitais, farmácias sem remédios, escolas sem aulas e professores, transporte público digno de gado e segurança de um castelo de areia.
Em compensação, o povinho ignorante, servil e dócil, sabe tudo sobre o Campeonato Brasileiro, sobre as novelas, sobre as novas músicas (?) das anittas da vida, e discute com paixão o que aconteceu no programa do Faustão. O mesmo povinho ignorante e imbecil que paga R$ 120 pelo ingresso do estádio de futebol, mas reclama que no posto de saúde não tem dipirona (R$ 8).
Exatamente como eles, os crápulas, planejaram.
Anselmo Brombal

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