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sábado, 27 abril, 2024

50 anos de servidão

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A TV Globo está promovendo os 50 anos do Jornal Nacional. Está sendo mostrado como o que há de melhor no jornalismo brasileiro. Até livro foi lançado com sua história. Tudo devidamente maquiado, escondendo passagens sinistras nesses 50 anos. Muita gente aplaude, muita gente acredita, ainda mais agora na era das fake news.

Durante mais de 20 anos o Jornal Nacional foi uma espécie de porta-voz dos governos militares. Acatou dócil e passivamente as recomendações e as versões das notícias. Usou frases telegráficas, que impossibilitam qualquer compreensão melhor dos fatos. São 50 anos de grandes mancadas.

Em 1984, quando a campanha Diretas Já tomou conta das ruas, o JN se omitiu. E pior – quando tocou no assunto, foi por vias indiretas. Naquele ano, por exemplo, houve uma concentração de mais de um milhão de pessoas na Praça da Sé, na Capital, no dia 25 de janeiro. E essa concentração foi animada por Osmar Santos, um dos nomes mais famosos da Rádio Globo.

O noticiário do JN foi que aquelas pessoas estavam comemorando o aniversário de São Paulo. E não havia mais censura naquela época. Cinco anos depois (1989), o JN ajudou promover o então candidato Fernando Collor de Mello, depois eleito presidente. O último debate, entre os candidatos Lula e Collor, foi editado por ordem expressa do dono da Globo, Roberto Marinho, e exibido no jornal Hoje e no Jornal Nacional.

Durante a presidência de Collor, o JN se absteve de noticiar os escândalos e as seguidas crises. Só passou a contar a verdade de fato quando Collor já estava no fundo do poço e o impeachment era invevitável. A Bandeirantes, menor e mais corajosa, transmitiu ao vivo, e na íntegra, o depoimento do motorista Eriberto França, que entregou o esquema inteiro Collor-PC com a compra do Fiat Elba. A Globo fez de conta que não ouviu. O JN nem citou que houve um depoimento na CPI.

Com Collor fora, o JN passou a incensar Itamar Franco, e em seguida seu sucessor Fernando Henrique Cardoso. Com a chegada de Lula à presidência, a partir de 2003, o JN se colocou a serviço do governo novamente, embora Lula, assim como Dilma e Temer, destoasse dos governos anteriores. Ideologia nunca foi problema. O que sempre importou foi o lucro e estar de bem com os poderosos.

Hoje o JN exerce outro papel. Um papel de quem está despeitado. E despeitado por falta de verbas oficiais. Os incêndios na Amazônia são um exemplo, embora incêndios acontecidos em governos anteriores tivesse sido até maiores. Outro exemplo foram os contingenciamentos de verbas na área de Educação. Governos anteriores fizeram cortes que sucatearam as escolas. Mas isso, na época, não importava ao JN.

O JN é 100% plastificado. Produzido para ser um show, um espetáculo. O conteúdo é um espetáculo também – de servidão a interesses nem sempre republicanos. As consequências aparecem com rapidez. Na época da campanha das Diretas, os protestos eram via telefone e boicote de anunciantes (que não faziam falta).

Hoje, o que se nota é que a audiência do JN despenca a cada dia. Por falta de credibilidade. Em outras emissoras, notadamente a Bandeirantes e a Cultura, a audiência aumenta pela seriedade com que as notícias são apresentadas. Pelo jeito o JN não vai tão longe. A mentira tem perna curta, nem que seja uma perna de 50 anos.

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