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quinta-feira, 25 abril, 2024

O momento é de total prioridade à saúde e todo recurso é bem-vindo

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O que estamos começando a viver com a transmissão do coronavírus (COVID-19) no Brasil (desde o primeiro caso confirmado em fevereiro e com projeção dos próximos meses nesse estado de emergência) é certamente algo extremo, um cenário que coloca nossas condições já sobrecarregadas de serviços em choque, que nos faz questionar inúmeras formas de organização utilizadas, que nos faz repensar meios de sobrevivência, de convivência, que muda nossa dinâmica de vida: dos mais simples hábitos de higiene às medidas de gestão mais complexas – sejam em âmbito social e privado, como de ordem municipal, estadual e nacional das esferas públicas.

Diante desta que já se tornou, portanto, nossa ‘realidade-limite’ em saúde pública até o momento, com outros desdobramentos, com impactos econômicos e de trabalho e efeitos semelhantes em tantos pontos do mundo, a ideia de que todos os esforços também devam ser repensados para a enfrentarmos é mais do que natural e urgente. Isso envolve, inclusive, pilares que poderiam ser inabaláveis até aqui se estivéssemos seguindo o calendário de 2020 dentro de uma possível normalidade, ou seja: um cronograma de ano eleitoral, com pleitos municipais e novas regras a serem cumpridas.

Justamente como parte de um quadro político e, naturalmente, atento às transformações e andamento deste ano, digo então que não temos mais momento, hoje, para tais questões eleitorais. O que devemos discutir, cada um nas atribuições do poder que representa, são meios de amenizar e combater essa dor trazida pelo invisível. Meios que protejam nossa cidade e País com os melhores resultados cabíveis e que nos provoquem reinvenções nas diferentes áreas afetadas.

Dentro dessa lógica, pessoalmente acredito que é até insensível e desumano falar sobre eleições, ao mesmo tempo, porém, que seja totalmente legítimo repensarmos e redirecionarmos o uso dos fundos partidário e eleitoral. Que unifiquemos nossas forças ao controle e combate do coronavírus, no entanto, com responsabilidade e não com oportunismos e conveniências. Neste momento de total vulnerabilidade que vivemos, de abismos à frente, todo recurso é bem-vindo à saúde pública.

Por mais que essa seja uma discussão que possamos trazer às cidades neste momento, é importante ainda lembrar que não competem aos vereadores, mudanças como essas. O que nos cabe por hora é fomentar o debate e cobrar medidas federais que auxiliem Estados e municípios na guerra contra o coronavírus, com eventuais suportes hospitalares e de tratamento que poderiam ser custeados pelos recursos dos fundos, por exemplo.

Essa cobrança se somaria, no nosso caso, ao trabalho já feito com seriedade pelo governo municipal que criou em Jundiaí o comitê de enfrentamento do vírus (do qual faço parte) e que conduz o assunto com responsabilidade e transparência. Por meio dele, monitoramos os casos confirmados e sabemos, por cálculos, que nosso sistema de saúde regional não daria conta de um colapso e, portanto, reforços nacionais seriam de enorme valia.

Como contraponto, também saliento que, gostando ou não, todo processo eleitoral tem um custo, bem como a manutenção das atividades partidárias que ainda são nossa forma de organização na democracia. Portanto, não podemos ser hipócritas em relação às necessidades dos partidos, sobretudo desde quando financiamentos privados foram proibidos e, só então, o custeio pela União foi criado. Porém, vivemos situação de emergência que requer junção de esforços e temos a alternativa de revermos outros meios de fonte para as siglas como o próprio financiamento coletivo já permitido por nossa legislação eleitoral.

Precisamos sim de uma agenda de reformas políticas, de maior representatividade e aproximação com a população, mas isso necessariamente não implica em não termos agremiações, isso implica em mudanças e nas revisões que defendo aqui. O uso dos fundos, portanto, pode ser uma das saídas, mas reforço: se bem aplicado à saúde emergencial e não como palco para ações eleitoreiras que não nos interessam em nada agora.

Faouaz Taha
Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Jundiaí

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