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quinta-feira, 30 janeiro, 2025

Hospital São Vicente pode estar à beira de crise gigantesca

O Hospital de Caridade São Vicente de Paulo pode estar a caminho de uma crise de proporções gigantescas. Elogiado pela qualidade de seu corpo clínico, referência em muitos tratamentos, o hospital, embora público, não é da Prefeitura de Jundiaí – pertence à Sociedade Vicentina. E são os vicentinos que mandam no hospital.
Para funcionar e dar conta de suas despesas, o HSV recebe dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde) e de convênios, notadamente com prefeituras da região. A Prefeitura de Jundiaí, por exemplo, tem colocado mais de 500 milhões de reais todos os anos no hospital. É onde a roda teria começado a pegar.
Embora não haja confirmação – ninguém gosta de tocar no assunto – houve uma conversa no comecinho do ano, entre alguém da Prefeitura e um representante do hospital. Esse alguém da Prefeitura questionou a compra de mais de 40 sofás pelo hospital. A resposta teria sido: o que você tem com isso?
Tem muito. Quem coloca meio bilhão de reais no hospital tem direito a saber onde e como esse dinheiro é gasto. Não é bem assim que o representante do hospital, um vicentino, teria entendido. E a partir dessa conversa teria começado um plano da Prefeitura para fiscalizar melhor o dinheiro, que não é pouco.
O plano é simples; em vez de colocar dinheiro no São Vicente, a Prefeitura faria convênio com outros hospitais, particulares, comprando leitos, enfermarias, ambulatórios, salas de cirurgia e outros serviços. Essa conversa com outros hospitais já teria começado, e esses hospitais estariam receptivos à ideia.
Se isso realmente acontecer – e há quem garanta que vai acontecer mesmo – o São Vicente deixaria de receber meio bilhão de reais por ano, o que comprometeria todo seu atendimento. O dinheiro do SUS e dos convênios não é suficiente para manter a estrutura do HSV.
Na mesma conversa do alguém da Prefeitura com o representante do hospital, houve outro estranhamento – a permanência do superintendente Matheus Gomes no cargo. Matheus faz parte do Conselho Consultivo do hospital, mas a Prefeitura estaria querendo nomear outra pessoa. No fim do ano passado, o HSV mudou seu estatuto. Segundo nota oficial, “o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV) esclarece que, em 2024, realizou uma atualização em seu Estatuto Social com o objetivo de atender uma exigência do Ministério da Saúde para a atualização da Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS). É importante ressaltar que a alteração não teve outro objetivo específico, mas sim atender à legislação vigente”.
Na terça-feira (28), durante entrevista coletiva, o prefeito Gustavo Martinelli deixou bem claro que quer mais transparência nas contas do hospital. Desde o início de 2025, a Prefeitura iniciou negociações para a renovação do contrato, solicitando documentos detalhados, como plano de trabalho e planilhas de custos. Após análise técnica das informações enviadas pelo hospital, foi constatado que o reajuste proposto, de 22,33% (elevando o valor para R$ 5.516.538,89), não era compatível com as metas previstas e também deveriam ser ajustadas.
Havia um prazo para o hospital apresentar planilhas. Mas os vicentinos se fizeram de surdos. O presidente da Câmara, Edicarlos Vieira, disse também na terça-feira que “os vereadores farão um levantamento detalhado e protocolarão um pedido formal para acompanhar de perto os recursos destinados ao hospital. Nosso objetivo é garantir que cada real seja aplicado de forma eficiente e responsável para atender à população”.
Caso o hospital não aceite a proposta de renovação do contrato por 12 meses ou a prorrogação por três meses, será garantida a manutenção dos atendimentos, conforme previsto em contrato, até que um novo processo de contratação seja finalizado. Ou seja, esee novo processo de contratação pode ser o de outros hospitais.
Ontem o Hospital São Vicente divulgou nota oficial, afirmando que a história não é bem assim. Não convenceu ninguém.
Como ninguém fala sobre o assunto claramente, ficam as especulações. Se de fato a Prefeitura de Jundiaí procurar outros caminhos, o São Vicente entrará na maior crise de sua história, iniciada em 20 de dezembro de 1902. Nos corredores, fala-se que o hospital é de caridade. Mas para poucos.

O acordo
Na quarta-feira (29), Prefeitura e hospital chegaram a um acordo para a renovação do contrato referente aos Prontos Atendimentos (PA’s). Esse acordo dependia de aprovação do Conselho Municipal de Saúde – a reunião do conselho estava marcada para a noite de ontem.
O HSVP aceitou os termos da Prefeitura, incluindo a presença da equipe técnica de apoio para aprimoramento e transparência dentro do hospital. O reajuste no contrato foi de 22,33% e não os 30% pretendidos inicialmente pelo hospital.

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