Em uma nova pesquisa publicada nesta quarta-feira (7) na revista científica JAMA Psychiatry, pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica e da Escola Médica de Harvard revelaram que, em todo o mundo, apenas cerca de 7% das pessoas com transtornos mentais ou problemas relacionados ao uso de substâncias recebem tratamentos eficazes.
Este dado alarmante destaca a disparidade no acesso a cuidados de saúde mental, com muitos enfrentando barreiras como estigma, falta de profissionais qualificados e escassez de recursos em diversas regiões.
Segundo o estudo, a principal barreira para o tratamento eficaz é a dificuldade do próprio paciente em reconhecer que precisa de ajuda profissional. No entanto, mesmo entre aqueles que buscam auxílio no sistema de saúde, muitos não conseguem acessar tratamentos adequados ou eficazes, o que agrava ainda mais a situação.
O estudo revela que, além da falta de percepção sobre a necessidade de cuidados, outros fatores como o estigma social e a escassez de recursos adequados contribuem para esse cenário preocupante.
Segundo os pesquisadores, apenas 46,5% das pessoas que atendiam aos critérios para um transtorno mental reconheceram a necessidade de tratamento. Desses, apenas 34,1% procuraram ajuda no sistema de saúde.
Entre aqueles que buscaram ajuda, 82,9% receberam um tratamento mínimo adequado. No entanto, apenas cerca de 47% das pessoas que receberam esse nível de tratamento acabaram recebendo um tratamento eficaz.
O grande desafio, no entanto, é que a perda de pacientes ao longo do processo resultou em apenas 6,9% recebendo o tratamento eficaz.
“Entender onde ocorrem os gargalos em cada um desses distúrbios oferece um modelo único, até então inexistente, que permite aos tomadores de decisão identificar os problemas de forma objetiva e buscar ajustar o sistema de saúde”, afirmou Daniel Vigo, autor do estudo.
O estudo revelou uma queda significativa na continuidade do tratamento após os pacientes procurarem o sistema de saúde, mas antes de receberem um tratamento eficaz. Como clínicos gerais e médicos de família geralmente são os primeiros pontos de contato, é fundamental garantir que esses profissionais recebam treinamento adequado, na opinião dos pesquisadores.
“Melhorar a capacidade dos clínicos gerais e médicos de família para diagnosticar e tratar formas leves a moderadas, além de saber quando encaminhar casos mais graves para especialistas, torna-se a pedra angular para o sistema de saúde”, afirma Daniel Vigo, autor principal da pesquisa.