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quinta-feira, 6 fevereiro, 2025

Jovem contrai infecção após cirurgia onde são usadas furadeiras domésticas

Uma adolescente de 14 anos contraiu uma infecção bacteriana após passar por uma cirurgia no tornozelo no Hospital Nossa Senhora do Pari, no Centro de São Paulo. O caso foi denunciado pela mãe à TV Globo, após uma reportagem revelar que furadeiras domésticas estavam sendo usadas em procedimentos ortopédicos na unidade.

O incidente ocorreu em 2023, quando a jovem sofreu uma queda na escola e quebrou a fíbula, um osso na parte inferior da perna. Ela foi atendida em dois hospitais antes de ser encaminhada para o Hospital do Pari, onde foi operada.

A mãe relatou que, durante a cirurgia, a filha acordou antes do previsto, ainda sob os efeitos da anestesia. Após o procedimento, a jovem comentou sobre o barulho de uma furadeira, semelhante àquela utilizada em casa. Inicialmente, a mãe não deu importância ao comentário, acreditando que o som vinha de um aparelho cirúrgico que a filha ainda estava confusa pela anestesia.

Três dias após a cirurgia, a adolescente recebeu alta e a mãe foi orientada pelos médicos a levar a filha diariamente ao posto de saúde para a troca do curativo.

“Começou a sair muita secreção do local da cirurgia. Levei ela várias vezes ao pronto-socorro do Pari e, sempre que chegávamos lá, diziam ‘ah, isso é normal, pode voltar para casa”, conta a mãe. Após diversas visitas à unidade, a infecção foi finalmente diagnosticada.

Atualmente com 16 anos, a jovem ainda sofre com dores e tem dificuldades para caminhar. Ela precisou abandonar atividades físicas que antes gostava, como futebol e andar de bicicleta.

O uso de ferramentas domésticas em procedimentos cirúrgicos é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2008. Segundo a nota técnica da agência, a utilização desse tipo de equipamento representa um grave risco à saúde da população e é considerada uma infração sanitária.

“Nós precisamos de uma furadeira com especificações técnicas para evitar lesões no paciente. Se essa furadeira for muito potente, pode causar queimaduras no osso, por exemplo”, explica Robert Meves, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia.

Por nota, a diretoria do Hospital Pari disse que os perfuradores utilizados por eles são aprovados pela Anvisa, que são fiscalizados periodicamente pelos órgãos competentes.

O jornalismo solicitou uma entrevista ao hospital para questionar sobre o caso da adolescente, mas a direção do hospital informou que estão em discussão com o departamento jurídico e devem se manifestar em breve.

A Associação Beneficente Nossa Senhora do Pari, responsável pelo hospital, é uma instituição filantrópica credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimentos ortopédicos. Ou seja, além de doações, ela também recebe um repasse anual de verba para garantir a realização dos procedimentos e a compra dos materiais necessários.

Uso de furadeira

A reportagem obteve relatos de funcionários e imagens que mostram médicos utilizando furadeiras com marcas de sangue e até com fios desencapados.

“Eu só vejo essas furadeiras amarelas de parede. E dá para saber como as parafusadeiras chegam até lá. Tem uma pessoa responsável por comprar os materiais do hospital, e ela adquire essas [caseiras] porque diz que são mais baratas e a manutenção também sai mais em conta”, conta um funcionário.

Nos protocolos de controle sanitário para procedimentos cirúrgicos, há outras questões importantes, como a higienização e esterilização dos equipamentos. No flagrante feito dentro do hospital, o produto usado para higienização é um detergente desengordurante. No entanto, no site do próprio fabricante, o produto é indicado como “ideal para locais como pousadas, hotéis de médio porte, cozinhas e restaurantes”.

Fonte: G1

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