A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e 33 de seus aliados, acusando-os de tentativa de golpe de Estado em 2022. A denúncia alega que Bolsonaro liderou uma organização criminosa com o objetivo de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito e instaurar um “projeto autoritário de poder”.
Principais Acusações
Entre os crimes imputados a Bolsonaro e seus aliados estão:
1. Liderança de organização criminosa armada: Coordenação de um grupo que planejava ações violentas contra a democracia.
2. Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: Esforços para desmantelar as instituições democráticas estabelecidas.
3. Golpe de Estado: Planejamento e execução de ações para destituir o governo legitimamente eleito.
4. Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União: Atos que resultaram em danos significativos a propriedades governamentais.
5. Deterioração de patrimônio tombado: Destruição ou danificação de bens culturais protegidos.
Desenvolvimento da Trama Golpista
A PGR destaca que, desde 2021, Bolsonaro adotou uma postura de confronto com as instituições democráticas, questionando a integridade do sistema eleitoral e atacando tribunais superiores. Essa retórica intensificou-se após a anulação das condenações de Luiz Inácio Lula da Silva, permitindo sua candidatura e subsequente vitória nas eleições de 2022.
Em dezembro de 2022, Bolsonaro teria editado uma minuta de decreto que instauraria um Estado de Defesa, concedendo-lhe poderes extraordinários e criando uma “Comissão de Regularidade Eleitoral” para revisar os resultados das eleições. Esse documento foi apresentado aos comandantes das Forças Armadas na tentativa de obter apoio militar para impedir a posse de Lula. A minuta foi posteriormente encontrada na residência do ex-ministro Anderson Torres.
Planos Extremistas
Investigações revelaram que o grupo também considerou medidas extremas, incluindo o assassinato de Lula por envenenamento e a eliminação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Esses planos faziam parte de uma estratégia mais ampla para desestabilizar o governo eleito e manter Bolsonaro no poder.
Próximos Passos
O STF avaliará a denúncia apresentada pela PGR. Caso seja aceita, Bolsonaro e os demais acusados se tornarão réus em um processo penal e poderão enfrentar penas que, no caso do ex-presidente, podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Bolsonaro nega as acusações, alegando ser vítima de perseguição política e afirmando que sempre atuou dentro dos limites constitucionais. No entanto, as evidências apresentadas, incluindo mensagens, documentos e depoimentos, sugerem uma coordenação deliberada para subverter a ordem democrática no país.
Este caso representa um marco significativo na história política brasileira, destacando a importância da vigilância contínua na proteção das instituições democráticas e no combate a ameaças internas que buscam minar o Estado de Direito.