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segunda-feira, 28 abril, 2025

Brasileiros recebem 10 bilhões de ligações feitas por robôs por mês

As chamadas indesejadas estão se tornando uma verdadeira epidemia no Brasil. A cada mês, cerca de 10 bilhões de ligações automáticas, também conhecidas como “robocalls” ou “metralhadoras”, são feitas por robôs programados para disparar mensagens de telemarketing ou até golpes. Essas ligações são feitas por sistemas computadorizados, que têm como objetivo alcançar um grande número de pessoas em um curto período de tempo.

Essas chamadas, que muitas vezes duram apenas seis segundos, são classificadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) como “ligações de curta duração”. Mas para os brasileiros, o problema vai muito além dessa breve duração: é a constante interrupção de suas rotinas com ofertas indesejadas ou, pior ainda, com tentativas de fraude.

Recentemente, após uma investigação, a reportagem revelou como empresas oferecem programas que permitem realizar essas ligações automáticas em massa. A reportagem criou um negócio fictício e entrou em contato com diversas empresas e sites especializados nesse tipo de serviço. O objetivo? Compreender a magnitude do fenômeno e como ele está sendo explorado no mercado.

Enquanto isso, a população brasileira continua a sofrer com a crescente presença de robocalls, e a busca por soluções para combater esse problema se intensifica.

Prova de vida

As chamadas automáticas, conhecidas como robocalls, estão se tornando cada vez mais sofisticadas. Muitas vezes, essas ligações funcionam como uma espécie de “prova de vida”: quando a ligação é atendida, isso indica que o dono da linha está vivo e pode ser um cliente em potencial para futuras ofertas ou golpes.

Recentemente, a reportagem de um programa investigativo descobriu como os dados pessoais são vendidos em sites especializados em “mailings”, listas de contatos utilizadas para campanhas de telemarketing. Um representante desses sites ofereceu à equipe uma lista de contatos atualizada e com dezenas de milhares de registros. Para tentar conquistar o cliente, ele até enviou uma amostra com dados de profissionais liberais, incluindo nomes, endereços, e-mails e, o mais importante, telefones.

Um desses registros foi o do psicólogo Matheus Arend, de Guaíba (RS), que se viu no meio dessa lista sem nunca ter autorizado o uso de seus dados. “Eu me sinto bastante invadido”, afirmou Arend, ao ser surpreendido pela descoberta.

Ao receber uma robocall, a vítima geralmente vê um número virtual, inexistente, e, se tentar retornar a ligação, é atendida por uma gravação dizendo que o número está incorreto. Com esse processo, as empresas de telemarketing e os atendentes de call centers evitam perder tempo ligando para números inexistentes, maximizando seus lucros e, muitas vezes, invadindo a privacidade dos consumidores.

Sem atender

Dados recentes da Anatel revelam que o número de robocalls no Brasil continua a crescer de forma alarmante. Em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados quase 24 bilhões de ligações automáticas — uma média de 23 mil ligações por segundo, o que representa um aumento de 12% em comparação com o mesmo período de 2024.

Esse fenômeno tem gerado grandes transtornos para milhões de brasileiros. Rosaura Brito, empresária de Santo Antônio da Patrulha (RS), é uma das vítimas. Apesar de ter se cadastrado no site “Não Me Perturbe”, da Anatel, ela continua recebendo entre 30 a 40 chamadas por dia, a partir das 8h01 da manhã. “Eu não consigo mais me concentrar no trabalho. O telefone não para de tocar”, desabafa Rosaura.

Para evitar o incômodo, muitos brasileiros, como a empresária, optam por não atender números desconhecidos. Porém, essa atitude pode acarretar outro problema: e se a chamada for realmente importante?

O impacto das robocalls vai além do desconforto diário. Até mesmo serviços essenciais estão sendo afetados. Jaqueline Bica, enfermeira da Santa Casa de Porto Alegre, relatou que pacientes perderam oportunidades de transplantes por não atenderem o telefone, sem saber que se tratava de uma ligação vital.

A situação também atinge quem está em busca de emprego. Silvana Ribeiro, gerente de recursos humanos, explica: “Se não conseguimos falar com o candidato, temos que seguir para o próximo. A competição é grande e não podemos perder tempo.”

Com o crescimento das robocalls, a necessidade de soluções mais eficazes para proteger os consumidores e garantir a continuidade de serviços essenciais se torna ainda mais urgente.

Quadrilhas em ação

As robocalls não usam as redes de telefonia convencionais. Tudo é via internet, com programas específicos de computador. Isso também acaba sendo usado pelo crime organizado. Quadrilhas disparam mensagens para aplicar golpes.

Existem modelos prontos na internet para a gravação e envio de áudios. Fizemos o teste em um site que utiliza inteligência artificial: criamos uma mensagem com uma voz robotizada oferecendo empréstimos e inserimos o número da produção para receber a chamada. Utilizamos a frase: “Se precisa de dinheiro extra, aperte 1 agora”. A ligação foi realizada com a mensagem que colocamos.

“E são ligações muito autênticas, parecem reais, fazendo com que as vítimas não consigam discernir que estão caindo num golpe”, diz o advogado José Milagre.

Fonte: G1

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