Este mês acontece a campanha Junho Violeta de combate ao ceratocone, maior causa de transplante de córnea, que não para de crescer no Brasil. Relatório do SNT (Sistema Nacional de Transplante) do Ministério da Saúde mostra que até março foram realizados no país 4.048 transplantes. No período, o número de inscritos na fila totalizava 31,8 mil. No início de junho o número de transplantes chegou a 7.145 e os inscritos na fila a 32,4 mil, sendo 46% homens e 54% mulheres.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor do Instituto Penido Burnier, o ceratocone geralmente surge na puberdade, fragiliza as fibras de colágeno e afina a porção central da córnea, lente externa do olho que toma o formato de um cone. Resultado: a córnea envia as imagens que capta para diferentes pontos da retina deixando a visão próxima e à distância desfocadas. Por isso, causa muita fotofobia, compromete o aprendizado, dificulta a prática de esportes, a condução de veículos e a performance no trabalho.
Inicialmente, explica, a correção pode ser feita com óculos, mas conforme o ceratocone progride é indicado o uso de lente de contato rígida para aplanar o formato da córnea e melhorar a correção refrativa. O problema, comenta, é que um levantamento realizado no hospital com 319 pacientes diagnosticados com ceratocone mostra que 1 em cada 4 não fazem acompanhamento periódico conforme a recomendação do oftalmologista.
“A alteração na curvatura da córnea pode aumentar a fricção da lente e acelerar a progressão do ceratocone. Por isso, o mais seguro é a adaptação de lente escleral que se apoia na esclera, parte branca do olho”, observa. Metade dos participantes também declarou ter doença alérgica respiratória que agrava a coceira no olhos. A principal recomendação para prevenir a piora da doença é não coçar os olhos. Por isso, o especialista afirma que é importante sempre carregar colírio anti-histamínico e lubrificante sem conservante. Isso porque o conservante pode irritar os olhos.
A principal recomendação preventiva é não coçar os olhos para evitar a progressão da doença. “No ceratocone o diagnóstico precoce é crucial”, pontua. Isso porque, no período de progressão é indicado aplicar na córnea o cross-linking, uma associação de riboflavina (vitamina B2) e radiação ultravioleta, único tratamento que interrompe o a progressão da doença por fortalece as ligações cruzadas das fibras de colágeno da córnea.
A novidade mais avançada desta técnica, comenta, é o Pace, que permite ao cirurgião realizar aplicação de riboflavina e radiação ultravioleta e laser para a remodelação superficial da córnea c direciona ao coma, mais importante imperfeição óptica em córneas com ceratocone. O resultado, comenta, é perda mínima de tecido da córnea que se mantém estável, melhora da visão e redução da necessidade de transplante.
Com esse tratamento é possível eliminar o risco do transplante, uso de óculos e lente de contato. A consulta oftalmológica deve ser mantida para diagnosticar qualquer alteração na visão que possa passar despercebida no início e traga complicações futuras, finaliza.