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quarta-feira, 6 agosto, 2025

Adiar a cirurgia de catarata desequilibra o metabolismo

A doença que mais cresce no Brasil e no mundo é a catarata, opacificação do cristalino que tem como maior causa o envelhecimento. Se você já passou dos 60, cansou de trocar os óculos, tem dificuldade de dirigir contra o sol e insiste em adiar a cirurgia de catarata, saiba que pode estar cavando a síndrome metabólica que pode lhe trazer complicações como infarto ou AVC (Acidente Vascular Cerebral), doenças que chegam sem fazer qualquer alarde.

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor do Instituto Penido Burnier que também é membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e da ASCRS (American Society of Cataract and Refractive Surgery) a síndrome metabólica não tem sintomas óbvios. É caracterizada por, pelo menos, três dessas alterações:

Hipertensão arterial – acima de 13/8 mm/Hg;

Acúmulo de gordura na barriga;

Triglicerídeos acima de 150 mg/dl

Glicemia acima de 100mg/dl ou diagnóstico de diabetes;

Colesterol HDL abaixo de 40 mg/dl em homens e 50mg/dl em mulheres

Uma evidência disso foi revelada em pesquisa publicada no JAMA Ophthalmology por pesquisadores da Nara Medical Scholl of Medicine (Japão) sobre os efeitos da cirurgia de catarata na saúde.

A pesquisa

A pesquisa reuniu 169 pacientes do hospital universitário Nara com diagnóstico de catarata, opacificação do cristalino, e sem outras doenças nos olhos. Dos participantes, 97 eram homens e 72 mulheres com idade média de 75 anos. Parte passou pela cirurgia de catarata e parte formou um grupo de controle. Todos foram acompanhados durante 3 meses após a cirurgia de catarata e submetidos à coleta diária de urina pela manhã, para avaliar a concentração de melatonina.

Os pesquisadores observaram que o grupo operado da catarata apresentou concentração bem mais elevada de melatonina na urina que o grupo controle. Por isso concluíram que a maior entrada de luz nos olhos após a cirurgia de catarata, aumenta a produção da melatonina, hormônio indutor do sono.

Queiroz Neto explica que a melatonina é um hormônio indutor do sono que alinha nossas funções biológicas no período de 24 horas, conhecidas por ciclo circadiano. “A falta deste hormônio faz pessoas com mais de 60 anos perderem o sono conforme o cristalino vai ficando opaco pela catarata”, pontua. O especialista esclarece que a produção da melatonina depende de dois fatores: Ambiente escuro durante a noite e quantidade de luz azul que penetra nos olhos durante o dia para estimular as células ganglionares da retina a produzirem um pigmento chamado melanopsina.

Por isso, trocar o dia pela noite e usar o celular que emite luz azul antes de dormir provoca queda na produção deste hormônio. Já quem adia a cirurgia de catarata e recorre às cápsulas de melatonina pode até dormir, mas desequilibra o organismo e corre maior risco na cirurgia, por causa do enrijecimento do cristalino.

Efeito cascata

Queiroz Neto ressalta que por ser essencial à indução ao sono, a melatonina tem importante papel no combate à depressão. Também tem ação antioxidante, além de regular a produção do cortisol, adrenalina e insulina. Por isso quando sua produção cai o resultado é a síndrome metabólica. A cirurgia de catarata, ressalta, é um procedimento indolor, feito com anestesia local e a recuperação é rápida. sempre feita primeiro em um olho e após uma semana no outro. O paciente deve usar rigorosamente os colírios indicados pelo cirurgião. Muitos já referem melhora no estado emocional após operar o primeiro olho. Isso porque, as cores ficam mais vibrantes e o qualidade de sono tem melhora imediata.

O oftalmologista afirma que tanto o cortisol quanto a adrenalina são hormônios responsáveis por nosso estado de vigília que atingem níveis elevados quando a melatonina é insuficiente. Já a insulina produzida pelo pâncreas, regula os níveis glicêmicos na corrente sanguínea e sofre queda quando a concentração de melatonina é menor.

O excesso de cortisol, explica, predispõe ao ganho de peso e ao colesterol alto que altera os delicados vasos no fundo do olho, além de e dobra o risco de desenvolver a degeneração macular, maior causa de perda irrecuperável da visão caracterizada pela degradação da porção central da retina, responsável pela visão de detalhes. É também um dos principais fatores de risco do infarto e outras complicações cardíacas, salienta.

Outro efeito do aumento do cortisol elencado por Queiroz Neto é a elevação da glicemia que também pode ser causada por uma deficiência da produção de insulina pelo pâncreas ou resistência das células à insulina, alterações que provocam o diabetes tipo 1 e tipo 2. Após 10 a 15 anos convivendo com o diabetes pode surgir a retinopatia diabética, importante causa de perda da visão, mesmo quando a glicemia é bem controlada. A boa notícia é que se a retinopatia for descoberta no início, dificilmente leva à perda da visão. O tratamento com aplicações de laser e injeções tem alcançado bons resultados quando o diagnóstico acontece no início. Portanto, todo diabético deve consultar o oftalmologista anualmente e até em períodos menores conforme indicação médica.

O especialista explica que a adrenalina ou hormônio do estresse em alto nível acelera o coração, aumenta a pressão arterial e o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral). A hipertensão arterial força o sistema cardíaco, pode causar alteração na retina e rins. Todas estas alterações podem ser detectadas por exame de fundo de olho periódico. Prevenir é melhor que remediar, finaliza.

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