A Black Friday já faz parte do calendário de compras do brasileiro, mas, junto com as promoções, vêm também os riscos — e eles não são poucos. Neste ano, a data será celebrada em 28 de novembro e deve movimentar milhões de consumidores em busca de descontos.
Segundo o advogado Antonelli Secanho, é essencial diferenciar dois grandes problemas que se intensificam nesse período: as propagandas enganosas, praticadas por empresas reais, físicas ou digitais, que prometem descontos inexistentes, e os golpes virtuais, aplicados por criminosos que se aproveitam da ansiedade do consumidor para obter, ilicitamente, dados e dinheiro por meio de sites falsos, links maliciosos e boletos adulterados.
De acordo com um levantamento do Serasa, com dados coletados em 2024, a madrugada é o horário preferido dos golpistas, justamente quando os consumidores estão mais suscetíveis à pressa e à emoção das “ofertas imperdíveis”. O estudo mostra ainda que os millennials, geração que mais realiza compras durante a Black Friday, estão entre os principais alvos de fraudes e tentativas de roubo de dados.
Para Secanho, duas palavras devem guiar o comportamento do consumidor nesse período: prudência e pesquisa. “A pressa e a euforia de aproveitar uma oferta imperdível podem acabar em arrependimento ou prejuízo”, afirma ele. Ele explica que, no caso das propagandas enganosas, é comum que lojas maquiem os preços, apresentando como “desconto” aquilo que, na prática, é o mesmo valor praticado em outros períodos — ou até mais caro. O advogado recomenda que o consumidor pesquise o histórico de preços dos produtos com antecedência e utilize ferramentas que comparam valores para identificar se a promoção é real ou apenas maquiagem.
Um importante alerta vai também para práticas ilegais como a venda casada, comum em sites e agências de viagens. “O fornecedor pode oferecer produtos ou serviços adicionais, mas nunca impor a compra conjunta. Se o consumidor for obrigado a adquirir algo que não deseja, isso pode configurar venda casada”, explica.
Além das práticas enganosas, os golpes virtuais também se multiplicam durante a Black Friday. Criminosos criam sites falsos, imitam grandes marcas e disparam mensagens por redes sociais, WhatsApp e e-mail para induzir o consumidor ao erro. “Na Black Friday, a pressa é inimiga da segurança. Quanto maior a calma e a pesquisa, menor a chance de cair em armadilhas — tanto de empresas quanto de golpistas”, reforça Secanho. Ele orienta que o consumidor desconfie de preços muito abaixo do mercado, evite clicar em links recebidos por mensagens e desconfie de pagamentos via Pix ou boleto com beneficiários desconhecidos.
Para garantir uma experiência de compra mais segura, é recomendável verificar o CNPJ e a reputação das lojas em sites como Reclame Aqui e Procon, além de dar preferência ao pagamento por cartão de crédito — que oferece maior chance de estorno em caso de fraude. Também é importante guardar todos os comprovantes e se houver problemas registrar um boletim de ocorrência e buscar orientação jurídica.
“Esses detalhes podem parecer pequenos, mas fazem toda a diferença. A maioria dos golpes se concretiza porque o consumidor é ansioso e não adota a menor cautela na hora de comprar algo em promoção”, conclui o advogado, reforçando que informação e cautela são as principais aliadas do consumidor nesta Black Friday.




