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domingo, 29 dezembro, 2024

Demência: pesquisa revela sinal que antecipa diagnóstico em até 10 anos

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Uma recente pesquisa identificou um indicador capaz de sinalizar o risco de demência de cinco a dez anos antes do aparecimento dos sintomas clássicos, tais como perda de memória, complicações na fala e na escrita, além de dificuldade em compreender informações. De acordo com os especialistas envolvidos no estudo, a redução na espessura de uma faixa de tecido cerebral conhecida como substância cinzenta cortical ocorre em maior intensidade em indivíduos propensos a experimentar declínio cognitivo.

Os achados dessa pesquisa foram divulgados no periódico “Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association”. No decorrer do estudo, a equipe de pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, examinou mais de mil participantes do Framingham Heart Study, além de 500 voluntários da Califórnia. A idade média dos participantes situava-se entre 70 e 74 anos. Todos os envolvidos foram submetidos a uma avaliação por meio de ressonância magnética cerebral.

O estudo realizou uma comparação entre indivíduos com e sem demência no momento em que foram submetidos à ressonância magnética. Além disso, foram analisados os exames realizados uma década antes, buscando estabelecer comparações nos resultados.

Sudha Seshadri, co-autora da pesquisa e pesquisadora sênior do Framingham Heart Study, explicou: “Voltamos e examinamos as ressonâncias magnéticas cerebrais feitas dez anos antes e depois as combinamos para identificar de maneira confiável padrões distintos entre aqueles que, posteriormente, desenvolveram demência e aqueles que não desenvolveram”.

Os resultados destacaram uma associação entre faixas mais finas da substância cinzenta cortical do cérebro e o declínio cognitivo, bem como o desenvolvimento subsequente de demência. Em contrapartida, faixas mais espessas na mesma região apresentaram resultados mais favoráveis nos exames de ressonância magnética.

Claudia Satizabal, principal autora do estudo, comentou sobre os resultados, afirmando: “Embora sejam necessários mais estudos para validar este biomarcador, estamos avançando positivamente”. Ela acrescentou: “A relação entre o afinamento da substância cinzenta cortical e o risco de demência permaneceu consistente em diversas raças e grupos étnicos”.

Outros estudos

Na perspectiva dos autores do estudo, as descobertas podem desempenhar um papel crucial na identificação precoce de pessoas com alto risco de desenvolver demência.

Claudia Satizabal, ao comentar sobre as implicações práticas, afirmou: “Ao detectar a doença precocemente, ganhamos uma janela de oportunidade para intervenções terapêuticas, ajustes no estilo de vida e um acompanhamento mais eficaz da saúde cerebral, visando reduzir a progressão para demência”.

Além disso, os resultados podem contribuir para a redução de custos em futuros ensaios clínicos, pois é possível selecionar participantes que, embora ainda não tenham desenvolvido demência, apresentam risco identificável por meio do biomarcador relacionado ao afinamento da substância cinzenta. Esses indivíduos poderiam ser incluídos em estudos de medicamentos experimentais para demência.

Os pesquisadores destacam que o próximo passo é identificar os fatores de risco associados ao afinamento da substância cinzenta cortical. Satizabal sugere que esses fatores podem abranger dieta, exposição a poluentes ambientais, risco cardiovascular e componentes genéticos. Ela observou também que o APOE4, principal fator genético ligado à demência, não apresentou correlação com a espessura da massa cinzenta, indicando que fatores modificáveis, como dieta e exercício, podem influenciar esse aspecto.

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