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quinta-feira, 30 janeiro, 2025

Empresa paga R$ 500 por escaneamento de íris de seus funcionários

Na última semana, diversas publicações viralizaram nas redes sociais, relatando pessoas indo a pontos específicos de São Paulo para “vender a íris”.

A ação é conduzida pela empresa Tools for Humanity (TfH), que utiliza câmeras de alta tecnologia para escanear a íris das pessoas e criar o que chama de World ID, ou “documentação mundial”. A prática vem gerando polêmica e preocupações sobre privacidade e segurança.

Nossa reportagem visitou um dos 53 pontos de coleta da empresa em São Paulo, localizado no bairro da Bela Vista, região central da cidade. O ambiente era minimalista: uma pequena sala no final de um corredor, com uma única televisão exibindo informações sobre o World ID, que se apresenta como uma forma de verificação da “humanidade” digital.

Ao ser questionada sobre o processo de “venda” da íris, uma atendente guiou-nos até um vídeo explicativo, mas o ambiente parecia mais um cenário de ficção científica. Todas as atendentes, vestindo uniformes pretos padronizados com o logo da empresa, tinham cabelos perfeitamente presos e repetiam informações de forma robótica, como se estivessem decorando um script.

No corredor que leva à sala, estavam instaladas quatro grandes máquinas, com uma haste conectando o equipamento a uma esfera de metal no chão. Esses scanners são usados para mapear as íris das pessoas dispostas a participar do processo de coleta.

O vídeo explicativo apresenta o projeto World ID, e a empresa reforça que seu objetivo é criar um código único, impossível de ser replicado por inteligência artificial. “A IA também pode ser usada para o mal. Nosso objetivo aqui é oferecer mais segurança”, explicou um dos atendentes, ressaltando a alegada proteção que a ferramenta promete oferecer. No entanto, o conceito de “segurança” gerou dúvidas sobre as implicações para a privacidade e a proteção de dados pessoais.

Segundo a empresa, os dados coletados para a World ID não são retidos, mas a grande questão que fica é: o que a empresa realmente ganha ao pagar para escanear os rostos das pessoas? Essa dúvida levantada pela reportagem não teve resposta dos atendentes durante a visita.

Apenas em São Paulo, cerca de 500 mil pessoas já venderam os dados de suas íris, sendo essa a única cidade no Brasil onde a empresa realiza a coleta. Para participar, basta baixar um aplicativo, aceitar os termos de uso e, opcionalmente, fornecer nome e telefone. Depois, é possível agendar um horário para a coleta.

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou recentemente a suspensão dos pagamentos pela coleta de íris no Brasil. Contudo, o serviço segue sendo realizado, mas agora em troca de criptomoedas.

A empresa, por sua vez, afirmou ter feito um pedido à ANPD para poder continuar operando. “Temos trabalhado em estreita colaboração com a ANPD para garantir que estejamos conforme a LGPD. Precisamos de mais tempo para explicar nosso trabalho e garantir entendimento sobre a operação”, afirmou Kieran, representante da empresa.

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