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sábado, 19 abril, 2025

Testa grande já foi símbolo de status e poder

Durante os períodos Medieval e Renascentista na Europa, muitas mulheres adotaram um hábito inusitado: raspar a linha frontal do cabelo para deixar a testa mais alta e alongada. Essa característica era considerada um ideal de beleza da época, associada à inteligência, nobreza e sofisticação.

Durante o fim da Idade Média e o início do Renascimento, entre 1401 e 1600, padrões estéticos curiosos marcaram a sociedade europeia. Uma das tendências mais peculiares da época era a valorização da testa alta, considerada sinal de inteligência e nobreza. Para atingir esse ideal, muitas mulheres raspavam parte do couro cabeludo e também removiam as sobrancelhas, numa busca por um visual que transmitisse sofisticação.

Além da associação estética, havia também uma crença de que os pelos femininos eram sujos ou até perigosos para os homens, o que reforçava essa prática de remoção. O corpo feminino era moldado pelos padrões e simbolismos da época, refletidos inclusive em retratos e pinturas que eternizaram essas escolhas visuais.

Segundo a professora e historiadora de moda e arte Laura Ferrazza, esse período foi essencial para o nascimento da moda como expressão social. “Tem um crescimento das cidades, um crescimento da burguesia. A gente tem a ideia de que nas cidades as pessoas circulam e veem umas as outras, elas não estão mais isoladas em um castelo. Então, tem mais espaços públicos, mais visibilidade. Isso modificou a forma como as pessoas encaravam a forma de se vestir”, explica ela em entrevista à CNN.

A busca por status, identidade e pertencimento começava a se manifestar com mais força através da aparência — um comportamento que atravessaria os séculos até os dias de hoje.

A professora Laura Ferrazza também destaca que, com o início do Renascimento, houve uma mudança gradual na forma como as mulheres eram percebidas na sociedade. Segundo ela, durante o período de maior influência da Igreja Católica, a figura feminina era frequentemente associada ao pecado, sendo retratada de maneira negativa, submissa e até perigosa.

Com o florescimento das cidades, o fortalecimento da burguesia e o resgate de ideais clássicos, a mulher começou a ganhar novos espaços de representação, especialmente na arte e na moda. “Há uma mudança simbólica importante. A mulher deixa de ser apenas ligada ao sagrado e ao pecado e passa a ocupar um lugar mais idealizado, como musa, inspiração artística e também consumidora de moda”, explica Ferrazza.

Essa transformação ajudou a moldar novos comportamentos sociais e estéticos, nos quais a aparência feminina passou a desempenhar papel ainda mais central na construção de identidade e status.

Esse cenário começou a se transformar com o surgimento das universidades e o avanço do pensamento humanista durante a Era Renascentista. Nesse contexto, algumas mulheres conquistaram espaços como estudiosas, compositoras, filósofas e até cientistas — ainda que em número reduzido e com muitas limitações impostas pela sociedade da época.

Segundo a professora Laura Ferrazza, a testa ampla, então tão valorizada esteticamente, também carregava um simbolismo intelectual: “A testa ampla também dá a ideia de que a mulher tem uma mente pensante”, explica. Assim, o ideal de beleza se entrelaçava com o novo lugar que algumas mulheres começavam a ocupar: o de protagonistas do saber e da cultura.

Essa valorização da aparência intelectual refletia as mudanças culturais e sociais do período, onde o corpo e a imagem feminina passavam a representar não apenas pureza ou pecado, mas também inteligência e protagonismo.

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