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quarta-feira, 27 agosto, 2025

Dia de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla: como conviver

Visão turva, formigamentos, fraqueza nos membros, fadiga intensa, instabilidade ao andar e lapsos de memória. Esses são alguns dos sintomas da esclerose múltipla, uma doença neurológica crônica que afeta o sistema nervoso central e que, muitas vezes, passa despercebida aos olhos de quem está de fora. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a cada cinco minutos uma nova pessoa é diagnosticada em algum lugar do mundo, dado que reforça a importância do Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla, celebrado no próximo dia 30.

De acordo com o relatório Atlas of MS, 3ª edição (2023), da Multiple Sclerosis International Federation, 2,8 milhões de pessoas vivem com EM no mundo. No Brasil, a estimativa é de aproximadamente 40 mil casos. A doença costuma se manifestar entre os 20 e 40 anos, faixa etária ativa profissional e pessoal, e afeta de duas a três vezes mais mulheres do que homens.

A EM é causada por uma inflamação que compromete a bainha de mielina, estrutura responsável por proteger os neurônios, provocando surtos neurológicos que surgem e desaparecem de forma irregular. Essa imprevisibilidade dificulta tanto o diagnóstico quanto a compreensão da doença por parte da sociedade. Por isso, é conhecida como uma “doença invisível”.

Em muitos casos, os surtos não deixam marcas aparentes e, entre um episódio e outro, a pessoa pode parecer saudável. “Precisamos entender a história de cada paciente individualmente. Muitas vezes, os sintomas aparecem, duram algum tempo e somem. É preciso examinar, investigar. Olhar para a pessoa nem sempre revela o que ela está enfrentando internamente”, explica o neurologista Felipe Franco da Graça.

Por serem “ocultos” e imprevisíveis, os sintomas da EM costumam ser confundidos com questões emocionais, como ansiedade ou estresse, o que amplifica o impacto psicológico da doença e impõe desafios constantes à rotina de quem convive com ela. “Em estágios mais avançados, podem surgir alterações urinárias e cognitivas. A evolução costuma ser lenta: os sinais aparecem ao longo de horas ou dias, persistem por um tempo e depois desaparecem espontaneamente, o que muitas vezes adia o diagnóstico”, acrescenta o médico.

A esclerose múltipla pode se manifestar de diferentes formas clínicas. A mais comum é a remitente-recorrente, caracterizada por surtos seguidos de períodos de melhora. Já a forma primariamente progressiva apresenta piora contínua desde o início. A progressiva secundária, por sua vez, começa com surtos e evolui com agravamento progressivo dos sintomas.

O maior desafio no diagnóstico está justamente na discrição e intermitência dos sintomas, o que faz com que muitos pacientes enfrentem desconfiança e diagnósticos equivocados. “É comum que os sintomas sejam atribuídos a transtornos psiquiátricos ou à ansiedade. Mas qualquer manifestação neurológica que dure alguns dias e desapareça espontaneamente deve ser investigada”, alerta o especialista.

O neurologista também destaca que a ausência de tratamento adequado pode levar ao acúmulo de sequelas ao longo do tempo. “Cada surto não tratado representa um risco de comprometimento maior. Hoje, existem diversos medicamentos aprovados, muitos deles disponíveis pelo SUS e por planos de saúde, que ajudam a controlar a atividade inflamatória e impedir a progressão da doença. O tratamento deve ser individualizado, considerando o perfil e a gravidade de cada caso.”

Além da medicação, o acompanhamento multiprofissional, com psicólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, é essencial para a qualidade de vida do paciente. “É muito comum que a esclerose múltipla gere estresse, principalmente pela imprevisibilidade dos surtos. Mas, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria dos pacientes consegue levar uma vida absolutamente normal. O importante é identificar a doença antes que os sintomas se acumulem e deixem sequelas permanentes”, conclui o neurologista.

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