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quinta-feira, 4 setembro, 2025

Dia Mundial da Saúde Sexual chama atenção para direitos das mulheres

A saúde sexual das mulheres brasileiras ainda é marcada por contrastes. Se de um lado os dados recentes indicam avanços na prevenção e no acesso a métodos contraceptivos de longa duração, de outro, desigualdades sociais e barreiras culturais continuam a restringir escolhas e comprometer direitos.

O dia 4 de setembro, instituído como o Dia Mundial da Saúde Sexual pela World Association for Sexual Health, em 2010, tem como objetivo ampliar a visibilidade do tema em escala global. A data se consolidou como um marco para promover debates públicos, mobilizar profissionais de saúde, educadores e gestores, além de estimular campanhas voltadas à garantia dos direitos sexuais e reprodutivos.

No Brasil, o 4 de setembro vem ganhando cada vez mais espaço no calendário da saúde, servindo como ponto de partida para reflexões sobre educação sexual, prevenção de ISTs e fortalecimento de políticas públicas que assegurem às mulheres o acesso a um cuidado integral e inclusivo.

O Ministério da Saúde registrou, em 2023, aumento de 4,5% nos casos de HIV em relação ao ano anterior, resultado atribuído tanto à expansão da testagem quanto à baixa adesão ao preservativo. A sífilis gestacional permanece como desafio, com mais de 324 mil casos notificados entre 2019 e 2023. Entre adolescentes, houve queda no número de nascidos vivos de mães de 10 a 14 anos, que somaram 13.939 em 2023, mas a incidência segue maior entre jovens negras e de baixa renda, revelando desigualdades.

Na outra ponta, políticas públicas recentes vêm ampliando o leque de escolhas. Entre 2022 e 2023, as inserções de DIU cresceram 44% na rede pública de saúde após a liberação para que enfermeiras e enfermeiros realizem o procedimento. E em julho de 2025, o SUS incorporou um novo implante subdérmico de longa duração, considerado uma das estratégias mais eficazes para reduzir gestações não planejadas.

Apesar dos avanços, fatores sociais e culturais ainda limitam o cuidado. Tabus em torno da sexualidade, julgamentos morais e a resistência masculina em participar do planejamento reprodutivo criam barreiras.

Para superar essas lacunas, iniciativas comunitárias e coletivos locais têm atuado lado a lado com as unidades básicas, criando vínculos de confiança e linguagem mais próxima da realidade de cada território.

Linha de Cuidado da Mulher no SUS

A Linha de Cuidados de Saúde da Mulher foi criada para organizar e monitorar a jornada das pacientes no sistema público e garantir um atendimento contínuo em diferentes fases da vida. O modelo conecta a atenção primária, os serviços de especialidade e a rede hospitalar, de modo que cada mulher receba o cuidado necessário e mantenha vínculo com a UBS de referência. “O maior diferencial é colocar a atenção primária como sentinela do cuidado”, resume James Souza, responsável regional da linha de cuidados no Cejam.

Na prática, o trabalho envolve desde consultas individuais e grupos de planejamento familiar até o monitoramento de exames como papanicolau e mamografia. Quando há necessidade de apoio diagnóstico ou tratamento especializado, as pacientes são encaminhadas para serviços secundários e, em casos de maior complexidade, para a rede hospitalar, sempre com contrarreferência para que a unidade de origem acompanhe cada etapa. Para garantir integralidade, a linha utiliza prontuário eletrônico, painéis de monitoramento e fluxos de encaminhamento detalhados, evitando que a usuária se perca na rede.

Os resultados já começam a aparecer. James destaca que o acompanhamento próximo tem aumentado a procura por exames preventivos e fortalecido o planejamento reprodutivo. “Percebemos um crescimento nas gestações planejadas e maior adesão aos exames de rastreio, o que impacta diretamente no diagnóstico precoce de câncer de colo de útero e de mama”, afirma. O objetivo, segundo ele, é ampliar esses avanços. “Queremos garantir que cada mulher receba cuidado contínuo e integral, fortalecendo a saúde sexual e reprodutiva e favorecendo diagnósticos mais precoces.”

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