O acordão para a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) tem uma imprevisibilidade no meio do caminho. Num eventual quarto mandato, o petista terá três vagas para preencher no Supremo: Luiz Fux (abril de 2028), Cármen Lúcia (abril de 2029) e Gilmar Mendes (dezembro de 2030).
Se reeleito, o compromisso é indicar Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga de Fux. O acordo prevê também a escolha de Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, para a cadeira de Cármen Lúcia. Lula ainda terá uma terceira vaga para nomear mais um aliado. Só falta combinar com o eleitor.
No atual mandato, o petista optou por três nomes de sua cozinha: seu advogado (Cristiano Zanin), um aliado de primeira hora (Flávio Dino) e, agora, o “faz-tudo” Jorge Messias.
No governo Dilma Rousseff, Messias participou da operação para tentar evitar a prisão de Lula pelo então juiz Sergio Moro. O plano era nomear Lula ministro de Dilma, o que lhe garantiria ser julgado pelo Supremo e não por Moro. Deu tudo errado. A PF descobriu e melou a operação.
Padrinho da indicação de Pacheco, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), dizia até a semana passada que não garantia a aprovação do nome de Messias.
Alcolumbre traçava dois cenários caso Lula ousasse contrariá-lo: simplesmente não pautar a indicação — o que faria Lula terminar o mandato sem a votação — ou colocar o nome em plenário e impor uma derrota humilhante ao governo. Até hoje, somente Floriano Peixoto amargou desgaste semelhante.
Mas isso foi antes de o banqueiro Daniel Vorcaro, que ganhou muito dinheiro graças às suas conexões políticas, ser preso pela Polícia Federal e o Congresso congelar.
Lula poderia ter feito a indicação há 35 dias, quando Luís Roberto Barroso se aposentou, mas optou por fazê-la em pleno feriado da Consciência Negra e dois dias depois da operação que prendeu o banqueiro e o braço financeiro do esquema de R$ 12 bilhões. Desagradou também quem não esperava que escolheria a data para indicar mais um homem branco para a Corte.




