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quarta-feira, 24 abril, 2024

Vinho, lagosta e leite condensado

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No final de janeiro, apareceu no noticiário uma compra de alimentos feita pelo Governo Federal. O que chamou a atenção foi a quantidade de latas de leite condensado. Maldosamente, e a título do jornalismo investigativo, atribuiu-se todo alimento a consumo no Palácio do Planalto, sede da Presidência da República. Com o passar dos dias, tudo ficou esclarecido: a compra era para as Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica). Mas ficou a mancha. Sobraram os memes.

O jornalista que publicou essa besteira se intitula jornalista investigativo. Não é. É jornalista imbecil. É aquele que não apura por ignorância ou por maldade. Há inúmeros casos parecidos, com menor repercussão. E há casos reais que não têm na mídia o mesmo destaque.

O Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, abriu há tempos uma concorrência para fornecimento de ítens alimentares. No edital constavam lagostas, camarões e vinhos finíssimos. Talvez por medo dos ministros do STF, houve uma ou outra notícia. Nenhum escândalo.

Não é o caso aqui de defender alguém. É caso de cobrar responsabilidades. Como um jornal, portal, site, blog ou seja lá o que for, dá espaço para alguém tão irresponsável? Fala-se muito hoje em fake news, mas pouco se faz para evitá-las. O que está faltando ao jornalismo Um pouco de tudo.

A começar pela formação acadêmica e de caráter. Continua pelo convívio com professores mal preparados e coleguinhas de classe piores ainda. Com o diploma, o emprego, e com ele, novas notícias sem pé nem cabeça. Bons tempos o do jornalismo da máquina de escrever, do telex, do olho no olho. Sem internet, sem celular, sem professores desvairados. Era mais difícil, mas o aprendizado valia a pena.

Candidatos a jornalista começavam cedo nas redações. Arquivavam fotos em papel, recortavam notícias de outros jornais, atendiam telefone e anotavam recados. Com o tempo, passavam a escrever notícias de pouca importância, como festinhas de paróquias, e evoluiam para o noticiário esportivo e policial. Depois, para o noticiário geral.

Se aguentassem tudo isso, faziam uma faculdade, continuavam trabalhando e se formavam. Todos com mérito. E então se tornavam jornalistas de verdade. Hoje não. Basta pagar as mensalidades em dia que a formatura é garantida. Fake news também.

Urbem
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A Editora Urbem faz parte do Grupo Novo Dia e edita livros de diversos assuntos e também a Urbem Magazine, uma revista periódica 100% digital.
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