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terça-feira, 23 abril, 2024

De volta à escravidão

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Desde os bancos da escola primária aprendemos que a escravidão foi abolida em 1.888. Talvez isso tenha sido verdade durante algum tempo. Agora, e não é de agora, voltamos ao tempo e novamente somos escravos. Escravos voluntários, sem distinção de cor ou raça, sem direito à alforria. Nós mesmos nos prendemos aos grilhões.
Antes de 1.888 escravos eram transportados em navios negreiros, sujos, imundos e abarrotados. Nós, escravos atuais, vamos de metrô, ônibus e trens em condições piores que as dos negreiros de outrora.
Trocamos o pelourinho por outros castigos, como falta de assistência hospitalar, falta de educação, falta de trabalho decente. Não precisamos de chibatadas para castigos mais severos – temos os juros do cheque especial, a falta de alimentos, os preços dos supermercados e o horário eleitoral gratuito.
Quando colônia, os escravos de antanho ajudavam os patrões recolher o quinto, ou 20% do ouro ou diamante que eram extraídos. Nos dias atuais, nós elegemos gente da pior espécie para nos espoliar e aprovar a derrama diária ordenada pela rainha louca, um arremedo de Dona Maria Iª.
Antes de 1.888, os senhores contratavam capitães de mato para caçar quem ousasse se rebelar ou fugir. Hoje, mais moderninhos mas escravos também, temos a Receita Federal para nos caçar e punir. Os de outrora ouviam, obrigados, a pregação jesuíta – nada mais que uma lavagem cerebral – para que adquirissem novos costumes e cultura.
Nós nem precisamos de jesuítas. Temos a TV Globo e suas porcas e imundas novelas para ditar comportamentos. Isso de um lado. De outro, pastores sedentos por dinheiro, que vendem o que podem com a promessa de milagres, de curas e de vida fácil. Tal qual os jesuítas, os de hoje têm aprovação dos senhores da Corte.
Senhores de outrora privilegiavam as mucamas que se prostituíam e incentivavam suas filhas e mulheres ao claustro doméstico. Senhores de hoje prostituem sua consciência ao menor aceno de dinheiro ou vantagem. Nem preservam mais suas famílias e até acham bonito quando filhas expõem o corpo em revistas próprias de banheiros de adolescentes.
Castro Alves, nos dias de hoje, teria inspiração de sobra para seus poemas. Navio Negreiro não seria nada perto do que veria e escreveria nos dias atuais. Ao contrário dos negros escravos de antes, que se rebelavam, fugiam e fundavam quilombos, nós somos submissos. Aceitamos tudo sem questionar nada.
Os de antes esperavam os dias de festa para se reunir, cantar e dançar. Nós nem esperamos por isso. Fazemos carnaval, lotamos campos de futebol e transformamos os dias de festa em praia, estradas congestionadas e em falta de tudo, para, passada a euforia, voltarmos à senzala e às correntes. Não há Princesa Isabel que dê jeito.

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