Governo federal gastou dinheiro em jornais fantasmas

Tudo leva a crer que a publicidade, que não existiu, foi mais um jeito de arrancar dinheiro do erário
Ou o governo federal é muito bôbo (conta outra) ou então a roubalheira foi longe demais (hipótese mais provável). Entre 2008 e 2012, foram gastos quase 400 mil reais em propaganda em jornais da região do ABC paulista. Problema: os jornais não existem.
Todos pertencem a um suposto Grupo Laujar de Comunicação S/A, que fez as notas fiscais e recebeu o dinheiro. A denúncia saiu de dentro do próprio governo numa auditoria da Secretaria de Controle Interno da Presidência, baseada num relatório da Controladoria Geral da União; a Folha de São Paulo já havia publicado a denúncia, que não foi levada a sério.
Os anúncios foram autorizados e pagos pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Apareceram alguns exemplares, a título de comprovantes, impressos sabe-se lá como, e tinham quatro páginas com anúncios da Unimed, de uma empresa não identificada e outro do governo federal.
Como o calo apertou, os fiscais do governo foram xeretear a história. No endereço da Laujar, que está nas notas fiscais, não encontraram nada. E como por lá a burocracia impera, fizeram um relatório dizendo que os jornais “resumem-se a quatro páginas cada um”, com notícias repetidas, cujas “informações e imagens” são “cópias de reportagens de sites de notícias sem atribuição de créditos”, aspectos que seriam “indícios de fraude”.
E isso é só um caso. Há suspeita de mais publicidade fantasma, paga com generosidade. A velha história de mandar a nota fiscal e não prestar o serviço combinado. O caso dos jornais despertou os fiscais para outra situação.
E essa situação é o controle de anúncios em emissoras de rádio e televisão em todo o país – quem garante que eles são veiculados na quantidade combinada? Só por curiosidade: o endereço da empresa é em São Bernardo do Campo.