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sexta-feira, 29 março, 2024

Médicos, um risco para a saúde

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Parece um paradoxo, mas não é: entre os riscos para a saúde do brasileiro está, por incrível que possa parecer, o próprio médico. É o que pode deduzir de um fato indesmentível: dos 2.891 recém-formados em Medicina que fizeram, em outubro do ano passado, o exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), 55% do total (1.589 estudantes) foram reprovados. O índice é menor do que o registrado no ano anterior, quando 59,2% não acertaram o mínimo exigido (60% das questões) e foram reprovados. Mas foi maior do que em 2012, índice de 54,2% de reprovados.
Todo estudante formado em Medicina, para se inscrever no conselho paulista, precisa fazer o exame para tirar o registro do CRM (Conselho Regional de Medicina) e atuar como médico no Estado. Apesar de ser um exame obrigatório, mesmo quem for reprovado pode obter o registro. É que, por força de lei, o conselho não pode condicionar o registro médico ao resultado de uma prova. Para tanto, seria preciso uma lei federal, como acontece com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), onde o bacharel reprovado é impedido de exercer a advocacia.
O exame do Cremesp, cujos resultados foram divulgados no final de janeiro, apontou também que a reprovação foi maior entre os formados em instituições de ensino privadas (65,1%); entre os alunos de escolas públicas, o índice foi de 33%. Segundo critérios da Fundação Carlos Chagas (FCC), que aplicou o exame, 33% das questões foram consideradas fáceis; 4,6% eram muito fáceis e 32,4%, médias. As demais questões (29,6% do total) eram difíceis.
Recém-formados erraram questões básicas sobre atendimento inicial de vítima de acidente automobilístico, de ferimento por arma branca, de pneumonia, pancreatite aguda e pedra na vesícula; dois em cada três candidatos erraram o diagnóstico de uma lactante de seis semanas com tosse leve há dez dias, sem febre e com a respiração acelerada. Este mesmo percentual não soube avaliar o risco operatório para uma mulher com pedra na vesícula, diabética, hipertensiva e com histórico de angina (estreitamento de artérias que provoca dor no peito) durante esforços moderados.
Lamentavelmente, o exame do Cremesp revela uma realidade muito mais grave: a má qualidade do ensino brasileiro onde, conforme já afirmei em artigos anteriores, com louváveis exceções, os professores fingem que ensinam, os alunos fingem que aprendem e o resultado é a formação de profissionais desqualificados. no caso, por exemplo, dos médicos – para atender as necessidades da população brasileira.
É um quadro que só será revertido quando a educação em todos os níveis – passar a ser vista como uma verdadeira prioridade. Precisamos seguir o exemplo de países como Coréia do Sul, da Índia, da China e de tantos outros; a educação, insisto, é um alimento fundamental que não pode faltar na formação da criança e do jovem que queira, pelo próprio esforço, vencer na vida.
Welson Gasparini – Dep. Estadual

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