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sexta-feira, 19 abril, 2024

Somos um povo de recordes

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Desde os anos 1950, quando a Petrobras foi criada, quando Maria Ester Bueno conquistou o mundo ganhando torneios na Inglaterra, quando o Brasil conquistou seu primeiro campeonato mundial de futebol, nos acostumamos à proeza de sermos mehores em tudo.
Uma das música, feitas sob encomenda para a seleção brasileira, tinha um trecho assim: a taça do mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa. Somos obrigados a concordar com tal afirmativa. Vivemos num país de recordes até hoje.
A paranóia dos anos 1950 e 1960, quando também tínhamos Éder Jofre campeão mundial de boxe, começou com Getúlio Vargas pregando o nacionalismo, continuou com Juscelino pregando o amor próprio e continuou com os generais de 1964, onde tudo era grandioso a ponto convidar para mudar daqui quem não amasse o Brasil.
Agora vem o Serasa afirmar que em janeiro aconteceu uma tentativa ou uma fraude a cada 16 segundos. Outro recorde, que pode ser somado ao fato de termos o maior número de cartões bancários clonados, ou ao maior volume de cheques devolvidos.
Quando o Mobral fazia formaturas gigantescas de seus alunos (em Jundiaí foi o recorde, com cinco mil formados de uma só vez), enaltecemos o fato da precária formação, e nos esquecemos de citar que os cinco mil eram apenas parte da horda de analfabetos. Coisa que continua até hoje. As escolas públicas fazem o impossível para formar mais analfabetos.
Somos recordistas em escândalos. Os mais recentes são só parte da roubalheira, Mensalão e Petrolão não são nada perto do que foi roubado na construção de Brasilia. Nada também perto do que foi gasto para a Copa do Mundo do ano passado, e mais nada ainda perto do que se gasta para as Olimpíadas do próximo ano.
Aqui tudo é grandioso. Golpes, falcatruas, negociatas políticas são coisas que fariam Al Capone parecer coroinha de igreja. Somos invejosos também. Bastou os americanos elegerem um negro para presidente que logo tratamos de arrumar uma mulher. Feia, grosseira, estúpida e incompetente, mas uma mulher.
Temos a eletricidade e a gasolina mais caras do mundo – outro recorde – e sofremos com a falta de água mesmo tendo a maior reserva mundial (haja recorde). Temos o maior número de prisioneiros – mas se for prender todo mundo que a Justiça mandou engaiolar, talvez cheguemos ao recorde galático.
Um dia, quem sabe, tenhamos recordes mais decentes. Poderíamos, por exemplo, ter os políticos mais honestos do mundo, os jovens mais instruídos e o povo mais educado. Mas isso, por enquanto é só um sonho. Por sinal, somos também recordistas em sonho – pensamos ser um povo de primeiro mundo.

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