Nascida para voar, Giselle logo comandará um Boeing

Qualquer dia que você viajar de avião, pode imaginar que no comando do Boeing ou Airbus estará um piloto fortão, alto, um típico macho alfa. Você poderá estar enganado – no comando poderá estar uma mulher com pouco mais de um metro e meio de altura, tão capaz e tão valente quanto o piloto que você imaginou.
Giselle Cristina Garcia Soriano Pedro nasceu para voar. Filha única do casal Maria Stella e José Soriano Pedro, o comandante Soriano, cresceu no meio aeronáutico – o pai comandou Boeing e Airbus. Sua mãe conta que quando criança, quando Giselle desaparecia era fácil achá-la – no quarto, como tampa de panela, fingindo pilotar.
Quando a idade permitiu, foi fazer o curso para Piloto Privado. Não parou mais. Hoje é instrutora de multimotor na EJ – Escola de Aviação, sediada no Aeroporto de Jundiaí. Por enquanto. Logo ela terá mãos um brevê de PLA (Piloto de Linha Aérea) – faltam algumas horas de instrução (o brevê é a carta de motorista pro piloto).
Nem tudo são rosas. Ela já se sentiu discriminada (e sem traumas) quando começou no mundo dominado por homens. E nem se importa mais quando um novo aluno estranha aprender voar com uma mulher, e ainda mais de seu tamanho. Tamanho não atrapalha. Em alguns aparelhos precisa colocar uma almofada nas costas para alcançar os pedais, que controlam o leme de direção.
Os controladores de vôo de Jundiaí a conhecem, e reconhecem sua voz – é a baixinha que está chegando. Os outros instrutores a tratam com carinho e a respeitam. Voando, sua concentração é total. “Se algum dia algum aluno xavecou, nem percebi. Minha atenção é na aeronave. Se brincar, cai”.
Em duas mil horas de vôo nunca teve problemas de pane – vez ou outra um vento mais forte que a tirou momentaneamente da rota no pequeno Cessnna 152 ou do potente Sêneca. Para ela, vencer numa profissão dominada por homens, não é mostrar superioridade. “A mulher tem seu espaço em todos os setores, basta saber conquistá-lo”. E pelo jeito ela soube.