Vereadores de Várzea querem saber do dinheiro

Eles não têm informações sobre número de radares, quantidade e valores das multas aplicadas na cidade 
Várzea tem fama de cidade que multa motorista a torto e a direito. As multas excessivas se transformaram em ira, materializada pela destruição de alguns radares no passado não muito distante. Agora os vereadores entraram na história. Luciano Marques, do PT, está questionando o que a prefeitura faz com o dinheiro e quanto recebe em multas.
Como não há divulgação, tudo fica em segredo, o que aumenta mais ainda a curiosidade – uma curiosidade necessária aos vereadores. Para apertar o calo da prefeitura, os vereadores fizeram um requerimento oficial – e a prefeitura tem prazo legal para responder – com base em informações fornecidas no ano passado.
Primeira pergunta: quais melhorias no trânsito foram feitas com o dinheiro das multas? Resposta evasiva. A prefeitura informou no ano passado que até agosto havia feito quase 22 mil multas (21.919 para ser exato) – 91 multas por dia, ou três multas por hora.
Luciano afirma que até agosto do ano passado havia entrado no cofre da prefeitura R$ 700 mil em multas. Mas o cálculo é outro: se cada multa ficar na média de R$ 100, a prefeitura pode ter recebido mais de dois milhões de reais.
“Pedimos a atualização desses dados até o final do ano. Também não sabemos se essas multas são somente dos radares da Marginal ou se são de todos os pontos na cidade. A resposta foi evasiva”, afirma Luciano. Os vereadores querem saber também tim-tim por tim-tim das multas – se são multas somente dos radares na marginal do Rio Jundiaí, se entraram as multas da Fernão Dias (principal avenida da cidade) e o que está sendo feito com o dinheiro.
Há outros problemas ainda. Teve gente multada porque, segundo o radar, andava a mais de 100 km por hora. Muitos recorreram, porque andavam direitinho, na velocidade permitida, e ganharam – descobriu-se que os radares estavam desregulados.
Pode ser que o problema tenha sido resolvido. Pode. A própria prefeitura informa, no seu site, que foram instalados novos radares no fim de dezembro passado (mas não diz quantos). Quem colocou os radares foi a empresa NDC Tecnologia e Informática, que cobra R$ 420 mil por ano para “locação de equipamentos de detecção de velocidade para fiscalização do trânsito e fornecimento de sistema de gestão que contemple as atividades necessárias para o processamento das informações geradas pelos equipamentos”.
Como multas são um assunto, digamos, palpitante, os vereadores esperam uma resposta mais clara sobre tudo o que perguntaram. Principalmente se os radares estão aferidos pelo Inmetro – se não estiverem, as multas não valem absolutamente nada.