Editorial: Tenha calma, é só um engano

Não existe assunto mais discutido que a corrupção dos políticos, a roubalheira na Petrobras e as frases que aparecem nas tevês e nos jornais, com cada um se defendendo como pode. Mas tudo isso é ilusão, melhor, uma mentira. Tudo o que falam, comentam, noticiam, é fruto da criação maligna de mentes prostituídas na ante-sala do inferno.
É preciso que tenhamos mais otimismo. Vivemos num paraíso, pagamos pouquíssimos impostos e nossos governantes são exemplos de honestidade e retidão. Essa história de violência é criação da imprensa sensacionalista. Não existem assaltantes, somente pessoas interessadas em distribuir melhor a renda.
O jogo do bicho, desde que foi proibido, desapareceu das bancas de jornais, dos bares, e dos cambistas avulsos. Não existe mais jogo do bicho. Isso que comentam é tudo mentira, balela. Alguns críticos mal-humorados fazem ressalvas a programas de televisão.
Criticam as novelas injustamente. As novelas estão ajudando formar as pessoas. São instrutivas, educativas. É por causa delas que as famílias se mantêm unidas; é por causa delas que as moçoilas copiam atitudes de personagens e se dão muito bem na vida. Os críticos não suportam o Big Brother. Mas é despeito.
O BBB é um poço de cultura, um exemplo de comportamento. Criticam as músicas injustamente. O que eles têm contra o funk? Justamente o funk, que educa, que forma caráter, que tem letras bem elaboradas e melodias que, comparadas a Mozart, Beethoven ou Verdi, fazem-nos parecer principiantes. Mozart só fez lixo; Beethoven, então, fez meia dúzia de sinfonias e mais nada; Verdi fez óperas que ninguém entende. Funk não. É nosso, todos compreendem e aprendem com ele.
Os moralistas demais são contra moleques mais atrevidos, que pintam muros e prédios. Chamam isso de pichação. Não entendem que é manifestação artística. Não entendem que essa molecada está aflorando seu talento nos muros. Picasso, Van Gogh deram lá suas pinceladas. Por que nossa molecada não pode expressar seu sentimento artístico?
Há os que criticam a mulherada de vida torta, que cobra para fazer sexo. E daí? É uma profissão, como outra qualquer. Vender maconha, cocaína, crack, também é profissão, um meio de sustento para alguém que não teve oportunidade de ser diretor de empresa ou gerente de banco. E todos precisam viver.
Precisamos mudar nossos pontos de vista sobre o que acontece, deixar de ser pessimistas. Tudo é uma questão de ângulo. Alguém pode ser contrabandista aos olhos da Polícia. Mas pode ser um agente de fronteira não autorizado para sua clientela. Quando Lula disse que era o mais honesto, tinha razão. Era só uma questão de ponto de vista.