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Jundiaí
sexta-feira, 29 março, 2024

Uva de Jundiaí é a mais saborosa do Brasil

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O clima e tipo de solo favorecem a qualidade. Niagara Rosada é a melhor
A afirmação contida no título é feita por alguém que sabe como poucos o que falar sobre uvas – Jacó Carbonari, sobrinho-neto do comendador Antonio Carbonari, o descobridor da uva Niagara Rosada. Jacó deixou de plantar uvas há alguns anos (a família continua mantendo suas parreiras), mas continua agricultor, dono de outras plantações.
Nascido em meio a parreiras, como ele mesmo se define, considera (e prova) que Jundiaí ainda é a maior produtora de uvas de mesa do Brasil. “E as mais saborosas – diz ele – porque nosso clima e o tipo de terra proporcionam fruta de sabor inigualável”. Com 71 anos, passou por agruras típicas da agricultura brasileira e enfrentou o dilema de fazer ou não seguro da safra.
Jundiaienses passaram a plantar uvas em outros lugares. Jales, por exemplo. “A terra era mais barata, e além do mais, a colheita é antecipada, o que mantém preços bons”, explica ele. Nessas idas e vindas, jundiaienses já plantam outros tipos de uva, como a Itália, a Rubi (derivada da Itália) e outras sem semente – todas classificadas como uva de mesa.
As técnicas mudaram também. Até há pouco tempo, as parreiras eram erguidas em pequenos mourões, ligados por fios de arame. Hoje a plantação é em forma de “Y”, e a produtividade aumentou. “Com essa técnica – explica Jacó – as parreiras ficaram mais altas, passaram a produzir quase três vezes mais que uma parreira comum, e ainda facilitam a conservação, pois é possível cobri-las com uma tela para evitar o granizo”.
Uva para vinho em Jundiaí hoje está mais na região do Caxambu. “Quando os italianos começaram a plantar uvas no Engordadouro, no Traviú (lugar onde mora), tinham como finalidade produzir vinho, explica. Com o tempo, viram que era mais rentável plantar uvas de mesa. Hoje somente no Caxambu há parreiras próprias para fabricar vinho”.
Conhecedor dos problemas do campo, Jacó afirma que hoje o grande problema para o proprietário rural é a mão de obra, além da crônica falta de subsídio oficial. “Um tempo havia mais incentivo, hoje não existe quase nada, o que força o agricultor a mudar de negócio para sobreviver’, conclui.
Uva rosada surgiu por acaso em 1933
O primeiro grupo de imigrantes italianos – 22 colonos – chegou a Jundiaí em 1887. De lá para cá, construiram a cidade. Mas iniciaram suas vidas como lavradores. Dentre os imigrantes, a família Carbonari, que se estabeleceu no Traviú.
Até então, as uvas plantadas eram verdes (ou brancas), da variedade Niagara. Em 1933, uma mutação genética natural fez aparecer as primeiras uvas rosadas – acredita-se que isso tenha ocorrido devido à polinização das abelhas. No ano seguinte, quando aconteceu a primeira Festa da Uva de Jundiaí, alguns cachos apareceram expostos e despertou curiosidade.
Quem conta a história é o sobrinho-neto de Antonio Carbonari, Jacó. “Ele passou então a enxertar mais galhos da uva rosada e mandar pequenas quantidades para os compradores. Naquele tempo, a correspondência entre o agricultor e o comprador era por meio de bilhetes, que seguiam junto com a encomenda”.
Jacó conta que os primeiros a receber a uva rosada recusaram a encomenda. “Um comprador do Rio de Janeiro escreveu para não mandar mais a rosada, porque não vendia. Meu tio-avô respondeu que mandaria mais sim, mas que era para ele vender dez centavos mais caro que a uva branca”, conta Jacó.
A estratégia de marketing deu resultado. “Esse comprador passou a pedir mais uva rosada e explicou que havia aumentado o preço não em dez, mas em cinquenta centavos, e que assim vendia tudo o que recebia. O sucesso foi tão grande que em pouco tempo, quando se reservava vagões de trem para transportar a safra, a proporção era de um vagão para os Carbonari, e outro para os demais de toda a região”, diz Jacó.

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