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quinta-feira, 25 abril, 2024

Triste fim de uma lâmpada

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Acostumamo-nos com seu brilho. Há meses – quase um ano – ela permaneceu acesa dia e noite, clareando quando podia ou ofuscada pelo brilho do sol toda a praça Amadeu Ribeiro Junior, no Anhangabaú. Questionamos quem seria seu fabricante, tal sua durabilidade, coisa rara nos dias de hoje.
Está certo que consumia energia desnecessariamente. Mas era uma espécie de atração e motivo para divagações. Quantas mariposas já haviam procurado seu brilho nas noites de calor? Quantos outros insetos foram atraídos pelo seu brilho? Centenas? Milhares? Ficou tanto tempo acesa que era até um alento em dias de temporal, quando o céu escurecia – e ela lá, impávida e acesa.
Imaginamos que era até uma referência a motoristas perdidos quando orientados por algum transeunte – vai até a praça que tem a lâmpada acesa e vire à direita. Era uma luz amarela, porém forte. Será que o vidro que a protege esquentava por ficar tanto tempo acesa? E o metal de seu invólucro, também ficava quente?
A lâmpada era uma história, ou pelo menos fez parte dela. Enquanto acesa, bem entendido. Na semana passada isso acabou – veio uma equipe de eletricistas e fez testes em toda a praça. Acenderam-se todas as lâmpadas no final da tarde, e então pudemos ver que os globos estavam sujos. Menos a lâmpada histórica, resistente.
Quando os eletricistas foram embora, ela estava apagada. Acabou o encanto. Findaram as divagações. A que horas ela se acenderia novamente? Será que o relé, antes desobediente e que insistia ficar fechado, agora seria servil à luz natural, e na falta dela, acenderia novamente nossa lâmpada?
Horas depois ela voltou a brilhar. Deve ter passado a noite atraindo suas mariposas e seus insetos, que foram embora tão logo o dia seguinte amanheceu e ela novamente se apagou. Tornou-se uma lâmpada comum. Uma entre as milhares. Sem qualquer distinção, qualquer coragem de ficar acesa dia e noite.
Cumpre a rotina como as demais. Tantos meses acesa e agora na vala comum. Como Policarpo Quaresma, nossa lâmpada também teve seu fim. Triste. E quem sabe um dia ela ressurja, rebelde como sempre para outras divagações? Seria só uma questão de veja bem.

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