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terça-feira, 23 abril, 2024

Editorial: Um juiz ou uma vedete?

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Na segunda-feira (2 de maio), as operadoras de telefonia celular foram obrigadas a suspender o serviço WhatsApp por determinação da Justiça. Assinou a censura o juiz Marcel Montalvão, da comarca de Lagarto, uma cidade de 100 mil habitantes de um dos estados mais pobres da federação, Sergipe. A determinação da otoridade era para que o serviço fosse suspenso por 72 horas.
Se o WhatsApp presta ou não presta, se serve para encontro de amantes ou para combinações criminosas, é outras história. Mas um juiz saído não se sabe de onde dar uma ordem do tipo, válida para todo o Brasil, é coisa que beira o absurdo.
Talvez esteja procurando os mesmos holofotes que iluminam Sérgio Moro, que fez de Curitiba, sua jurisdição, a capital do combate à corrupção. Mas a distância entre Sérgio Moro e Lagarto é bem grande. Se era isso que queria, o juiz conseguiu – foi notícia em todos os jornais e noticiários de rádio e televisão. Ficou conhecido. Teve seus 15 minutos de fama.
Esse juiz é o mesmo que em março mandou prender o vice-presidente do Facebook no Brasil, Diego Dzodan. O caso teve repercussão, mas não elevou o magistrado à categoria de um dos possíveis deuses do Olimpo tupiniquim. Outros já tentaram, nem todos conseguiram.
Ficou conhecida a história de um juiz carioca, metido em confusões, que processou uma agente de trânsito que o multou. Multou com justiça, diga-se de passagem – o juiz-deus estava bêbado e sem os documentos pessoais e do carro que dirigia. O corporativismo tratou de condenar essa gente, cujo crime foi seguir a lei.
Casos esdrúxulos estão se tornando comuns. Não só entre juízes mal preparados (felizmente a maioria é sã), mas entre pessoas que se acham acima dos pobres mortais. O deslumbre do poder as leva a tais barbaridades. E aí se encaixam vereadores, prefeitos, diretores e até presidentes de associações. Bastou subir num caixote que o palanque está pronto para os asnos que se dispõem a ouvi-los.
E dão ordens, determinam. É o prazer de fazer prevalecer sua vontade, de mostrar que têm alguma autoridade. O bom senso mostra exatamente o contrário – quem tem autoridade não precisa demonstrá-la a cada minuto. Tem respeito dos demais. É ouvido, acatado. Não precisa gritar nem ameaçar.
No caso da comarca de Lagarto, resta rezar e pedir a clemência de Deus para sua gente. E saudá-la pelo progresso que lá está chegando – logo a cidade ganhará seu primeiro shopping. Se o juiz não inventar mais nada até lá.

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