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sexta-feira, 19 abril, 2024

Em tempos de Netflix, locadora ainda sobrevive

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É a última da cidade a alugar vídeos em DVD. Estoque de mais de mil fitas VHS está à venda. E barato

Reinaldo Tossetto é o que se pode chamar do último dos moicanos. Dono de uma locadora de vídeos no Anhangabaú, toca sozinho o negócio, tem uma clientela fiel e nem se queixa da invasão de DVDs piratas. Todas as semanas vai à Capital em busca de lançamentos e lembra com saudade dos bons tempos.
Reinaldo abriu sua locadora, a Veja Vídeos, em dezembro de 1987. Na época só havia fitas VHS (Video Home System). Os aparelhos eram vendidos a preço de ouro nas lojas oficiais, ou contrabandeados, principalmente do Paraguai. O melhor, de longe, era o Panasonic G9, que vinha até com controle remoto.
“Jundiaí tinha muitas locadoras. Só no Anhangabaú havia cinco, conta Reinaldo. E a frequência do público era grande. Havia até reservas de filmes”. E havia muitas mesmo – chegou até a haver uma associação das locadoras, que contava com 58 associados. E eles trocavam informações quando precisavam, sobre a clientela que costumava não pagar nem devolver as fitas.
Havia regras para locação. Primeiro o interessado precisava fazer cadastro, depois alugava a fita com prazo para devolver. E o filme tinha de vir rebobinado. Reinaldo chegou a abrir uma segunda loja, com o mesmo nome, na avenida Jundiaí, que funcionou de 1992 a 1994. Quatro funcionários e a mulher, Eliana, davam conta da procura.
Até que na metade dos anos 1990 chegou a TV a cabo. Pra azar de Reinaldo, o Anhangabaú foi o primeiro bairro a receber os cabos da Net. Foi quando a freguesia começou diminuir. “Chegamos a ter mais de duas mil fitas VHS para locação, conta Reinaldo. Depois, quando apareceu o DVD, o negócio até melhorou, mas a TV a cabo esvaziou o negócio”.
Reinaldo sobrevive porque tem, primeiro a clientela fiel, segundo que não precisa pagar aluguel (o prédio é seu) e por último, porque não tem funcionários. Vinte a trinta fiéis clientes aparecem todas as semanas em busca de filmes. “São pessoas mais tradicionais, que gostam de olhar a capa, conferir a sinopse, ver se o filme interessa mesmo”, conta ele.
O preço é camarada – R$ 3 o aluguel do DVD por uma semana. Fita não é mais alugada. Quem quiser pode comprar. Reinaldo está vendendo o remanescente do estoque (mais de mil fitas) a R$ 2 cada. E tem quem compra? “Principalmente as pessoas mais velhas, diz Reinaldo. Elas têm ainda aparelhos de videocassete funcionando e são saudosistas”.
Reinaldo não sabe ainda quanto tempo continuará com a locadora – só espera que seja bastante. No prédio 465 da Carlos Salles Block, ele faz o trabalho todos os dias, da uma da tarde às sete da noite. DVD pirata não atrapalha. Mas a produção de filmes em VHS terminou em 1998, e na semana passada, a última empresa que fabricava aparelhos de videocassete no mundo encerrou sua produção.

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