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quinta-feira, 25 abril, 2024

Manutenção nota zero

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Com ou sem crise econômica, pouca gente e poucas empresas estão se dando ao luxo de manter em dia a manutenção de seus carros. Tudo é adiado sine die. Enquanto puder remendar, a vida é empurrada com a barriga. O pneu pode esperar, o freio pode esperar, desde que ninguém incomode.
Nos últimos dias a fiscalização da Artesp andou apreendendo ônibus da Rápido Luxo Campinas por falta de condições de trânsito. No último ano, o número de acidentes envolvendo ônibus em todas as cidades da nossa região aumentou horrores.
Houve rodas que se soltaram, freios que não funcionaram e pneus estourados. Outros não se envolvem em acidentes por uma razão óbvia – quebram antes. Basta andar um pouco pela cidade e ver que a cena clássica do ônibus quebrado e ao seu lado um motorista desanimado são comuns.
Caminhões estão na mesma toada. Na semana passada houve dois acidentes gigantescos provocados por caminhões que perderam os freios. Numa reportagem de TV motoristas, donos de seus caminhões, confirmaram que estão deixando a manutenção pra depois por falta de dinheiro.
Esse é um fator para acidentes, o fator da falha mecânica. Há um outro, que colabora demais para acidentes – a falha humana. Se motoristas de ônibus urbanos, fretados e interurbanos, e de caminhões, não importando o tamanho, fossem mais cuidadosos, boa parte dos acidentes poderia ter sido evitada.
A aviação é um bom exemplo. A manutenção de uma aeronave sempre tem de estar em dia. Raramente alguém deixa pra depois. Acidentes aeronáuticos, quando acontecem, sempre apontam a causa numa direção – falha humana.
Nas ruas e estradas a história é bem diferente. Juntam-se as falhas humanas e as mecânicas. É o motorista que sabe e sente que o ônibus não está em seus melhores dias, mas insiste em usar velocidade acima da permitida. É o motorista que sabe que seu caminhão está sem manutenção, mas anda com excesso de carga e de velocidade.
Um exemplo claro de falta de manutenção: o rangido dos freios dos ônibus. Todos eles. Outro exemplo: a fumaça preta e em excesso expelida pelos escapamentos de ônibus e caminhões. Se há tanta fumaça, a explicação técnica é única: os bicos injetores estão desregulados.
Embora poluir seja crime, não se vê a Cetesb fiscalizando. Vez ou outra promove-se uma cena de teatro, com policiais mandando motoristas encostar e fiscais da Cetesb fazendo de conta que vão multar todos os irregulares.
Isso precisa ser levado mais a sério. Qualquer ônibus transporta no mínimo 20 passageiros – e isso nas horas de menor movimento. Caminhões carregam toneladas de carga. E esses motoristas não podem andar como andam. As empresas também precisam ser mais cuidadosas com a manutenção de seus carros.
É inconcebível que ônibus andem com pneus em mau estado, pessimamente conservados, soltando fumaça e colocando em risco passageiros e pedestres. Essa união – falta de manutenção e maus motoristas, se bem que se considerem profissionais, é infinitamente mais perigosa que o motorista que toma um copo de cerveja no almoço de domingo.
Anselmo Brombal

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