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quinta-feira, 25 abril, 2024

Com eles, sem eles e apesar deles

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Já reparou que existe um monte de gente tentando atrapalhar sua vida? Calma, não estamos falando de amarrações, despachos, bruxarias, vudus, questões sentimentais. Falamos do cotidiano, do trabalho, do relacionamento social.
Se você pensar em montar uma empresa – só pensar – vai acabar desistindo. É tanto papel, tanta burocracia e tanto dinheiro que implode a paciência de qualquer Jó. Mas você foi persistente, mais chato que todos e conseguiu. Vai começar outra série de problemas.
Se for algo aberto ao público, vão exigir que você construa dois sanitários – um para homens e outro para mulheres. Vão exigir extintor de incêndio – e não é um só – mesmo que seu negócio seja guardar água. Vão se implicar com o piso, com os azulejos e até com o tipo de torneira.
Se for alugar o imóvel para a empresa, outra via crucis. A imobiliária vai pedir tudo o que tem direito, e se você não pagar, nada de imóvel. E hoje a maioria nem quer saber de fiador. Encaminha tudo para corretoras de seguro, donde, certamente, deve sair alguma comissão.
Mas você foi mais persistente e conseguiu toda a papelada. Sua empresa está aprovada e pronta para funcionar. Contratar funcionário é só o começo de outros problemas. Primeiro – achar alguém com o perfil ideal. Um não serve porque não pode trabalhar de sábado; outro que não aceita o salário. E por aí vai.
Mas você continua chato. Mais chato ainda e consegue o funcionário. Os R$ 1.500 que você combinou vão se transformar em R$ 3 mil no quinto dia útil do próximo mês. É tanta coisa que você já começa se arrepender de ter montado sua empresa. Mas você insiste, trabalha à noite, de sábado e domingo – mas seu funcionário não fica um segundo após o horário.
Junto com a folha de pagamento estão outras contas, como água, energia elétrica, aluguel… e você deixa seu conforto pessoal acreditando na empresa. E uns seis meses depois, você descobre que tem outro problema – os calotes. Como brigar é pior, você vai se encher de paciência para tentar receber. Nada.
Um ano depois de sua empresa ter sido aberta, você descobre que está trabalhando para sustentar um monte de gente. Não sobra nada pra você. O salário, mais que justo, é para o funcionário. Mas tem o escritório, tem os impostos (que vão sustentar os parasitas de costume) e mais despesas que você nem sabe de onde aparecem.
Se você tiver sorte, seu funcionário continua na empresa. Se ele sair, se prepara – é quase certeza que ele procurará a Justiça do Trabalho, bem orientado por algum advogado meia boca, e vai pedir um monte. E dificilmente vai perder. Você vai gastar mais um pouco e pagar um advogado, que vai aconselhá-lo a fazer acordo.
Depois de todo esse perrengue, você pensa até em se enforcar num pé de couve. Mas prefere desestressar e vai tomar uma cervejinha. E lá você pode encontrar alguém afirmando que a reforma trabalhista é um crime, que é preciso fazer uma greve. É nessa hora que você conclui que em vez de tomar cerveja, deveria ter pedido cianeto.
Mas você insiste, se recupera, acredita. E a conclusão é só uma – você toca a vida com todos que a atrapalham. Com eles, sem eles e apesar deles.
Anselmo Brombal

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