Político Esperança

Está dando asco de ver a insistência da TV Globo com seu projeto Criança Esperança. A causa é nobre, mas a repetição da frase “para doar” já encheu o piquá. Tem-se a impressão que todos somos obrigados a colaborar, e que a doação é compulsória. Mais interessante a Globo lançar outra campanha, o Político Esperança, mas sem doações.
E esse Criança Esperança mostra o descaso do governo para com a infância. Basta ver o número de ONGs sérias voltadas a projetos infantis, a cuidar de doentes e de idosos. Coisa que é obrigação do governo.
A caridade sempre foi um bom apelo. Não há único ser no mundo que não tenha algum peso, por menor que seja, em sua consciência. Uma doação redime, perdoa, alivia essa consciência. Quem pede doações sabe disso melhor que ninguém.
Se tivéssemos um governo mais ou menos sério não haveria necessidade de campanhas, de ONGs e associações. É obrigação do governo cuidar de seus cidadãos, que são os mesmos que o sustentam com o pagamento exagerado e escorchante de impostos. Daí o motivo do Político Esperança.
Poderia começar com a redução de seus salários, hoje astronômicos. Poderia continuar reduzindo o número de aspones e outras mordomias. Poderia continuar, reduzindo o número de congressistas. Para que tanta gente?
Temos 513 deputados federais e 81 senadores – o maior número de congressistas do mundo. Cada estado, por mais insignificante que seja, por mais improdutivo, por mais pobre, manda para o Congresso três senadores e três suplentes. É gente demais para ser sustentada por quem trabalha de fato.
Em outros países, políticos andam de ônibus, metrô ou com seus carros particulares, sem motorista. Usam lavanderia coletiva e dispõem de uma arrumadeira e uma cozinheira para seus alojamentos e refeitórios coletivos. Só uma secretária, e nada mais. E como trabalham.
Por aqui, qualquer figurão quando chega é notado. Não por sua importância, mas pelo aparato de segurança. Por lá as coisas são diferentes. O presidente de Portugal, por exemplo, pode ser visto nas praças de Lisboa todos os fins de semana, passeando tranquilamente, sem seguranças.
A rainha da Holanda, Beatrix, quando visitou o Brasil, ficou espantada com o número de seguranças. Da Holanda trouxe só uma camareira e um ajudante de ordens. A rainha Silvia, da Suécia, não se assusta tanto porque é nascida no Brasil. Sabe o povinho e os políticos que por aqui habitam.
Para fechar essa história: o presidente Michel Temer, também conhecido como Conde Drácula, gastou até agora R$ 156 milhões para se manter no cargo, favorecendo deputados aliados, que votaram a seu favor. Vai gastar mais – a ratazana já percebeu a importância do voto e vai negociar tudo, tim-tim por tim-tim. Nós vamos pagar essa conta.
E que ninguém se assuste quando o governo falar em economizar. Já diminuiu a projeção do salário mínimo, quer cortar salário de funcionários públicos, o INSS está embaçando como pode no pagamento das aposentadorias, e a Receita Federal está de olho em tudo, querendo mais dinheiro.
Político Esperança – para doar munição calibre .40 digite 40; para doar munição calibre 7.65, digite 65 e para limpar de vez o Congresso, digite 155. Boa pontaria.
Anselmo Brombal