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quinta-feira, 25 abril, 2024

Geração "X", o retorno

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Sou nascido em 1972 e tive meu primeiro emprego aos 13 anos. A minha geração desbravou o mercado de trabalho da época, vivendo uma série de mudanças. Vou escrever um pouco sobre isso… prometo que vai ser legal:
Nós, os “X”, vivemos o desemprego dos anos 80, a informalidade e as promessas dos anos 90, vivemos a instabilidade econômica e a inflação de quase 100% ao mês. Vivemos o Over Night e a URV. Aprendemos a trabalhar com máquinas de escrever e de um dia para o outro tivemos que aprender a usar os computadores. Aqueles com monitores enormes que exigiam muito espaço físico. Mobilidade zero… não tinha essa de “fechar a tela e levar o trabalho pra terminar em casa”. Nós descobrimos que precisávamos de ferramentas mais práticas e elas vieram. Então apresentamos essas ferramentas aos nossos filhos, já lá no jardim da infância.
Foi aí que o monstro começou a engolir seus criadores. A geração “Y” chegou no meio da revolução, não precisou quebrar nenhum paradigma, afinal era jovem e ainda não tinha construído nenhum. Mas eles sentaram na janelinha e se lançaram a dar aulas de como se viver uma vida moderna e independente. Algo do tipo: “me dá a empresa aí que eu vou cuidar”. E nós, os “X”, começamos a nos sentir velhos e ultrapassados, pois a economia estava bombando e esses caras surfavam na crista da onda. Eles não tinham nenhuma dúvida de nada, sabiam tudo, não precisavam de experiências anteriores, pois elas estavam disponíveis no Google e, a única experiência que lhes interessava era a de viver em novos lugares todos os dias… o pleno emprego do início da década proporcionou isso.
Enquanto a minha geração foi sendo dizimada do mercado formal e forçada a se virar e “desenvolver” todo o seu talento empreendedor nos food trucks, os mais jovens desenvolviam este talento nas startups. Só que, sem saber, eles, os mais jovens guardavam um “calcanhar de Aquiles”. Eles não tinham vivido nenhuma crise e não sabiam como era uma. O Google contava sobre a crise com uma certa soberba, dando a entender que os “titios” sofreram por não terem sabido lidar com aquilo… “eles não tinham informações suficientes”, pensavam eles sobre nós.
E foi bem aí que a nova Crise veio. Era a Crise2.0 do novo milênio, banhada a teorias da conspiração via redes sociais. Todo mundo lia algo no facebook e saia repetindo aquilo com todas as suas forças pela web. Alguns dizendo que crise somente seria um problema para os ricos, outros afirmando que seria um problema geral. Muitas empresas quebraram e outras encolheram para não quebrar. A geração “Y” entrou em depressão por não conseguir lidar com a escassez e a geração “X” viu, finalmente uma oportunidade de voltar a ativa, ainda que fosse para os consolar.
Agora estão trazendo de volta os velhos comandantes. Aqueles generais do passado estão sendo tirados de suas aposentadorias para serem consultores. Eles também mudaram e aprenderam muito… estão mais humanos e menos mandões, aprenderam certas gentilezas e perceberam que não se ganha nada mais no grito. Por sua vez, as grandes corporações entenderam que, para dirigir o Boeing (como disse o Merluzzi), precisa ter experiência. A geração “Y” aceitou isso e entendeu que pode fazer uma bela dobradinha com os “velhinhos” onde todos podem ter vantagens.
Resultado: bom para todos. Só que o mercado ainda está parado. Portanto, não podemos perder tempo discutindo o sexo dos anjos. Vamos em frente, pois temos um Boeing pra recolocar no ar. E tem que ser rápido, pois tá chegando uma molecada nova a idade adulta e eles são hoje os nossos passageiros. Precisamos cuidar da segurança e do conforto deles, exatamente nesta ordem de prioridade.
por Aguinaldo Oliveira

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