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sexta-feira, 29 março, 2024

Nos tempos do carvão e da fumaça

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Em 1867, quando a São Paulo Railway inaugurou a estrada de ferro ligando Jundiaí ao Porto de Santos, não havia telefone; não havia eletrônica, nem calculadora. Com todas as dificuldades, os engenheiros ingleses colocaram o trem para rodar, criando, inclusive, o sistema de cremalheiras na Serra do Mar. E as locomotivas eram tocadas com carvão.
Em 1872, a Cia. Paulista de Estradas de Ferro inaugurou seu primeiro trecho, e anos depois transferiu sua sede para Jundiaí. Mesma situação – nada de calculadora, telefone, computador, eletrônica. Tudo na raça, na ponta do lápis. Locomotivas também a carvão.
Essa situação atravessou décadas. A comunicação era feita por telégrafo. As locomotivas foram sendo trocadas por outras mais novas, com motores elétricos ou a óleo diesel. E em todas essas décadas, com os poucos avanços, os trens andavam no horário. Em muitas cidades, acertava-se o relógio (movido a corda) pelo apito do trem.
Incidentes eram raríssimos. Acidentes não aconteciam. Os trens eram confiáveis ao extremo. Eram, até que governos passados, movidos pelo jabá da indústria automobilística, resolveram esculhambar com o transporte ferroviário. Sobrou na época um trem de transporte popular, ligando Jundiaí à Capital, e parando em todas as estações. Era conhecido como trem do subúrbio. Mais conhecido ainda como panela de pressão.
Depois veio a CPTM – Cia. Paulista de Trens Metropolitanos – e o trem do subúrbio virou linha 7-Rubi. São outros tempos. Tempos de tecnologia, de computadores, de calculadoras, de GPS, de telefone celular, de comunicação por satélite. Melhorou? Não. Aconteceu exatamente o contrário.
Não há dia sem notícias de acidentes ou incidentes nos trens da CPTM. Até descarrilamentos têm acontecido. Horários não são cumpridos sob os pretextos mais cínicos e idiotas que possam parecer. Ora furto de cabos ao longo da linha ora pane na locomotiva. A incompetência é traduzida por notas oficiais que comunicam lentidão.
Quem sofre como de praxe é quem usa esses trens. Os chefes e engenheiros dos bons tempos da ferrovia não ganhavam fortunas. Ganhavam bem, e nada mais. Hoje há mais chefes, gerentes, supervisores – a maioria de apadrinhados políticos, e portanto incompetentes – do que se imagina.
A CPTM também não cuida das estações. Algumas delas esperam reformas há anos. Outras tiveram promessa de construção de novas. Só promessas, nada de trabalho. Políticos inconsequentes e irresponsáveis usam esses problemas – dos trens e das estações – como discurso de campanha, esquecido tão logo eleitos.
O Metrô está na mesma toada. Já foi bom. Já foi exemplo. Hoje é quase um lixo, tal qual a CPTM. E não há perspectivas de melhorar nada.
A boa notícia: como muita gente e muitas empresas estão deixando de pagar seus impostos, o governo está ficando sem dinheiro. E sem crédito também. Alguns governos – estaduais e municipais – já começaram cortar gastos, principalmente com pessoal. E político sem dinheiro não é nada. Viva a sonegação! E quem sabe, um dia, os trens voltem a funcionar. Mesmo com tanta tecnologia e tantos chefetes a nos atrapalhar.
Anselmo Brombal

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