Carnavalescos já não haviam gostado dos R$ 450 mil que a Prefeitura destinou ao Carnaval no ano passado. Neste ano gostaram menos ainda – serão R$ 480 mil para as escolas de samba e para os gastos com eleição e premiação de rainha, rei Momo e companhia. Mais uma: os desfiles (dois, sábado e terça) não serão mais em avenidas, e sim na Cidade Administrativa, no espaço entre Prefeitura e Ciesp, onde havia uma pista de motocross.
No ano passado já teve chiadeira. Além de pouco dinheiro, os desfiles aconteceram no fim da avenida dos Ferroviários. Há explicação para tudo. A começar pelo público. No ano passado, por exemplo, 20 mil pessoas foram ver os desfiles de Carnaval. Ou seja, 5% da população (segundo o IBGE, Jundiaí tem 410 mil habitantes). “Não é justo sacrificar 95% da população em favor de uma minoria”, diz um funcionário da Prefeitura.
A conta dos carnavalescos é outra. Segundo estimam, cada fantasia deve custar R$ 120. As mais simples. Há fantasias que chegam aos R$ 5 mil. Há ainda os carros alegóricos. E eles acham que a farra deve ser financiada com dinheiro público. E estão se adaptando à realidade – cada escola deverá ter somente um carro alegórico. E com menos gente.
Antes a farra era farta. Em 2016, por exemplo, a Liga, que organiza o Carnaval, ficou com R$ 700 mil. Nas contas de alguns, a verba deste ano deveria ser de R$ 1 milhão. Em nome da cultura e das tradições. Mas terão de se contentar com os R$ 480 mil, a serem pagos em três parcelas. Dinheiro que será dividido entre as oito escolas de samba – quatro do primeiro e quatro do segundo grupo.
Há uma outra idéia luminosa pairando sobre a Liga. Pensa-se em cobrar pelo estacionamento do Paço nos dias de desfile. O que se arrecadar, dizem eles, seria doado a instituições locais de caridade.
Para a maioria das pessoas ouvidas pelo Novo Dia, a decisão da Prefeitura de colocar pouco dinheiro é acertada. Essa maioria entende que dinheiro público tem outras prioridades. E reforça a conta – não vale a pena gastar tanto dinheiro para agradar 5% da população. Há 95% esperando por outros serviços. Mais necessários e essenciais.
