Eles nasceram em 1941, e quando tinham 19 anos se tornaram soldados da 2ª Companhia de Comunicações do Exército. O quartel era no Centro, na Praça Ruy Barbosa, onde hoje é só um estacionamento. Depois do serviço militar, cada um seguiu sua vida. E ainda hoje eles se encontram para almoço ou jantar todos os meses. Relembram histórias, trocam experiências e conversam, sobre os novos e velhos tempos.
É tudo informal – não existe associação ou coisa parecida. O dentista Luiz Carlos Zambon é um deles. Há quatro anos deixou o consultório. Em 1960, ao se apresentar no quartel ganhou dois dias de detenção antes mesmo de vestir a farda. Mas aprumou. Seis meses depois foi promovido a cabo após concurso. E passou todo o tempo na AD/2 (Artilharia Divisionária), cujo quartel-general era anexo à Cia.Com.
Ficou exatos 355 dias como soldado. Dispensado, trabalhou em banco e numa indústria local, até se formar em Odontologia. Viúvo há mais de 20 anos, tem três filhas e duas netas – nenhuma dentista.
Israel Bernardi é outro caso. O soldado de número 262 ficou 11 meses no quartel. Nunca pegou cadeia e saiu com carta de apresentação. Mecânico, trabalhou longos anos na Duratex. Mas destacou-se mesmo como ciclista – talvez seja o recordista de prêmios de Jundiaí, cidade que representou em jogos regionais e do Interior. Viúvo, tem duas filhas, três netos e um bisneto.
E quem acordava todo mundo naquele ano era José Guilhem, o soldado 282. Nascido e criado no bairro da Roseira, casado, pai de três filhos e avô de seis netos, continua produzindo uvas em seu sítio de 24 mil metros quadrados. Guilhem era o corneteiro, e ainda assobia os toques que comandam a posição da tropa.
Antonio de Souza Vianna Filho entrou como soldado 221. Saiu como cabo, apto a 3º sargento. Tentou cursar a Escola de Cadetes, em Campinas, e não conseguiu. Se formou na Companhia Paulista, trabalhou na Vigorelli e na Bosch Campinas, onde se aposentou. Outro que saiu como cabo é Alberto Gattera.
Depois do serviço militar, cursou Química Industrial, trabalho em indústrias têxteis e deu aulas na Faculdade Anchieta durante 15 anos. Casado com Terezinha, tem duas filhas e um casal de netos. Renato Bochino tmbém entrou como soldado e saiu como cabo. Tem boas lembranças da época. Depois estudou Economia, e tornou-se construtor e empresário.
Braz Sanghino, o soldado 235, tornou-se contador após o serviço militar. Trabalhou em indústrias. Hoje, casado, aproveita o tempo para os dois filhos e três netos. E história curiosa tem o administrador de empresas Vanderlei Negro, o soldado 350.
Desde os 13 anos Vanderlei trabalhava como office-boy no escritório do dr. José Romeiro Pereira. Quando chegou a época do quartel, conta que ficou irado por não se ver livre do serviço militar. Depois se arrependeu – lá, contou ele, aprendeu a ser patriota, a conhecer os valores cívicos e, principalmente, a disciplina.
Formado em Administração de Empresas, trabalhou em quatro indústrias. De 1975 a 2010 deu aulas no então Colégio Técnico de Jundiaí (hoje Etevav), no Anchieta, no Rosa e no Divino Salvador. Já escreveu dois livros – nenhum sobre a vida na caserna. Talvez um projeto para o futuro.