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quarta-feira, 24 abril, 2024

Aos poucos, sebos e brechós conquistam mais espaço

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Na Europa, são comuns e naturais as lojas de roupas e calçados usados. Sebos são quase uma tradição. Mas por aqui a história é outra. Brechó e sebo é coisa de pobre, demérito. Alguns têm até vergonha de entrar num deles. Outros, flagrados por amigos, se justificam, dizendo que só passaram para dar uma olhada.

Mas isso está mudando. Aos poucos, muita gente está descobrindo que comprar em lugares assim é um bom negócio. Livros paradidáticos, por exemplo, custam num sebo 10% do que custariam numa livraria. E muita roupa vendida por aí tem condição até de ir em festa.

Um bazar tradicional é o da Casa da Criança Nossa Senhora do Desterro, a antiga Creche Dom Abade, no Centro. Tocado por 30 voluntárias que se revezam – a cada dia da semana é um grupo, mais as que fazem costura e bordado – o bazar ajuda na manutenção da casa. Maria Helena Dias é uma das voluntárias há 21 anos. Neusa Trevisan está há 15 e Neide Weygand há 24 anos. A elas se juntam, quase que diariamente, uma raridade nos dias atuais: duas jovens, Bruna e Lesley, de 16 anos, que fazem o trabalho voluntário após suas aulas.

O bazar vive de doações. Há peças em ótimo estado por R$ 10 ou R$ 15. Blazer, por exemplo, custa R$ 50. Tudo o que é recebido é selecionado, limpo e arrumado. A freguesia é variada – há os que vão todas as semanas, há os ocasionais, como acompanhantes de pacientes que estão no Hospital São Vicente e há até gente importante em busca de boas peças. Tem de tudo – infantil, masculino e feminino.

Como em qualquer loja, o setor feminino predomina. “As mulheres têm mais necessidade de trocar constantemente de roupas, explica Maria Helena. Homem é mais despreocupado, usa a mesma calça jeans a semana inteira”.

Se o bazar – na realidade um brechó – é por caridade, o libanês Salim Turjaman encara como negócio. Depois de passar pela Rússia, Grêcia, Alemanha e Uruguai, Salim abriu seu brechó na rua Carlos Gomes, no Jardim Danúbio. Não tem funcionário. Toca o negócio sozinho e dispõe de duas máquinas (uma reta e uma overlock) para pequenos reparos.

“Tem mais gente querendo vender do que comprar, diz Salim. Mas mesmo assim vendo uma média de 15 peças por dia. Mas só peças em bom estado. Se estiver ruim, dispenso”. Seguindo a regra, há mais clientes mulheres do que homens.

Roupas, calçados e bolsas são opção de vestir. Para quem gosta de ler, de estudar, ou de música, o sebo é solução. Aos 57 anos, o professor Maurício Ferreira tem o maior sebo de Jundiaí – um sonho acalentado há 40 anos. Tanta dedicação valeu a pena. Seu acervo tem mais de 100 mil livros, outras mais de 100 mil revistas, outros mais de 100 mil DVDs e discos de vinil. É considerado o maior acervo do estado.

De quebra, Maurício ainda tem o maior acervo fotográfico digital de toda a região. Maurício compra os livros e revende-os. No caso dos paradidáticos, ainda servem de entrada numa outra compra. Os preços variam. “Um livro paradidático, por exemplo, custa R$ 70 e demora para chegar. No sebo custa R$ 10”, explica Maurício.

E grandes livrarias não são concorrência. “Mais e mais as livrarias indicam sebos aos seus clientes”, diz o professor. Ele cita também outros aspectos, inclusive ambiental: “Para fazer um livro são necessários, em média, 5 mil litros de água. Imagina quanta água economizamos nesse tempo todo”.

Nem tudo é barato no sebo. Livros raros, autografados por autores famosos, têm preço de mercado e são disputados. E assim, aos poucos, muita gente vai perdendo a empáfia e comprando artigos usados. Questão de economia e bom senso.

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