Se tem uma coisa que o brasileiro sabe fazer é improvisar, e se o isolamento domiciliar imposto para frear o novo coronavírus tem impedido os mais boêmios de frequentar os bares, a saída foi buscar as bebidas alcoólicas nos supermercados.
Em alguns supermercados de rede, nas últimas duas semanas de março, houve aumento de 20% na venda das bebidas alcoólicas.
Em alguns estabelecimentos, as vendas durante a quarentena superaram a do carnaval, período de pico anual. Na comparação com março de 2019, quando caiu o carnaval do último ano, 2020 apresentou uma alta de 27%.
Mudança de hábito x atenção
Apesar de tudo parecer uma festa, o psicólogo Yuri Busim, doutor em neurociência cognitiva, afirma que o aumento do consumo de álcool não é necessariamente um problema, mas deve ser observado com muita atenção.
“Nesses tempos de quarentena, as pessoas estão perdidas, ninguém sabe o que fazer direito, ainda estamos entendendo, mas os cuidados com a vida não devem parar, e o ideal é manter os bons hábitos”, reforça.
Cuidados com os exageros
Busim também sugere que sejam estipulados dias para beber e dias em que o álcool não fará parte do cardápio. Para ele, a vida em casa deve seguir uma rotina cotiana, como era antes do isolamento, e não deve ser considerado um estado de exceção.
“Não há um problema em tomar uma taça de vinho, mas a questão é: você faria isso em dias comuns? Então por que está fazendo agora? Temos que buscar transpor a realidade que você tinha antes para a realidade atual. Nem todo mundo que beber todos os dias na quarentena vai se tornar alcoólatra, mas temos que cuidar da nossa saúde da mesma forma.”
Durante a quarentena é possível – e necessário – buscar apoio emocional e psicológico.
O especialista reforça que, em tempos como esse, é importante deixar a vergonha de lado e procurar a ajuda de um profissional sempre que se sentir angustiado. “Procure agora, não espere. A grande maioria dos psicólogos está atendendo online, peça uma indicação. Caso a gente não se cuide, a gente vai colher graves transtornos psicológicos.”