Um idoso de 85 anos que morreu de Covid-19 em Jarinu, não soube que sua mulher, de 84 anos, também havia sido vítima da mesma doença. Segundo a neta do casal, a família não queria que o paciente sofresse com a perda durante sua internação no dia 7 de maio, dois dias depois da esposa morrer.
O marceneiro Moacir e a bibliotecária Marilena Siqueira Guimarães foram casados durante 65 anos. A idosa era uma figura conhecida em Jarinu. Segundo a neta, o sorriso largo e o amor pelos livros da dona Lena, que foram seus companheiros de trabalho por anos, são algumas das lembranças deixadas pela paciente.
Marilena morreu de Covid-19 e contaminou outras quatro pessoas em casa sem saber como foi infectada. Apesar disso, a família acredita que o vírus pode ter sido passado durante o tratamento que fazia contra trombose na perna para o controle da diabetes.
Na casa moravam a idosa, o marido, um filho e uma filha. Duas enfermeiras também frequentavam a residência para ajudar nos cuidados diários, principalmente de Moacir, que era acamado. “A minha avó foi a primeira contaminada. Ela passou para o meu vô”, contou a neta Bruna Guimarães.
A idosa morreu no dia 5 de maio e, dois dias depois, o marido foi levado às pressas ao hospital com os mesmos sintomas. Mesmo assim, a família decidiu não contar à ele sobre a morte da esposa.
“Ele dizia pra minha tia: ‘Eu vou dar um jeitinho de ver ela no hospital’. Ele ia sofrer demais, ia passar pelo luto no hospital sozinho. Era desumano”, explica Bruna.
Durante a internação de Moacir, o idoso chegou a apresentar melhora, segundo boletim médico. De acordo com a equipe, ele poderia estar em casa nos dias seguintes. Mas houve piora repentina do quadro de saúde do idoso e ele não resistiu.
“Foi tudo de repente. As notícias eram boas e os médicos disseram que estavam diminuindo o oxigênio, que estava respirando sozinho. As previsões eram que logo ele estivesse em casa”, contou a neta.
O casal de idosos foram sepultados em Jarinu com caixão lacrado. Os outros membros da família se recuperaram.