Um novo estudo publicado na quarta-feira (11) na revista científica The Lancet Oncology alerta para o aumento dos casos de câncer de intestino entre a população jovem no mundo.
A pesquisa, conduzida pela Sociedade Americana do Câncer, revelou que a incidência de câncer colorretal de início precoce (entre 25 e 49 anos) aumentou em 27 dos 50 países e territórios analisados. Os maiores crescimentos anuais foram registrados na Nova Zelândia (4%), no Chile (4%) e em Porto Rico (3,8%). Em 14 dos 27 países, as taxas permaneceram estáveis ou diminuíram entre adultos mais velhos. O estudo, no entanto, não incluiu dados do Brasil.
O estudo
O objetivo principal do estudo foi analisar as tendências de incidência de câncer colorretal em adultos jovens, comparando com os mais velhos, utilizando dados até 2017 de 50 países ou territórios. Os dados foram reunidos por meio do Cancer Incidence in Five Continents Plus. As tendências foram avaliadas com base nas taxas de incidência padronizadas por idade, variando de 1943 a 2017.
As tendências temporais foram analisadas com foco na idade no momento do diagnóstico (25-49 anos e 50-74 anos), e as mudanças percentuais anuais médias foram estimadas para os últimos 10 anos de dados.
De acordo com a pesquisa, o aumento do câncer colorretal de início precoce foi mais acentuado entre os homens do que entre as mulheres no Chile, Porto Rico, Argentina, Equador, Tailândia, Suécia, Israel e Croácia. Por outro lado, as mulheres apresentaram os aumentos mais rápidos na Inglaterra, Noruega, Austrália, Turquia, Costa Rica e Escócia.
Nos últimos cinco anos, a taxa de incidência do câncer de início precoce foi mais alta na Austrália, Porto Rico, Nova Zelândia, Estados Unidos e República da Coreia (entre 14 a 17 por 100.000), enquanto foi mais baixa em Uganda e Índia (cerca de 4 por 100.000).
“Esse fenômeno global destaca a necessidade urgente de ferramentas inovadoras para prevenir e controlar cânceres relacionados a hábitos alimentares, inatividade física e excesso de peso corporal”, afirma Sung. “Esforços contínuos são essenciais para identificar os fatores adicionais que influenciam essas tendências e desenvolver estratégias de prevenção eficazes, adaptadas às gerações mais jovens e aos recursos locais em diferentes regiões do mundo.”
Sung também destaca a importância de aumentar a conscientização sobre essa tendência e os sintomas distintivos do câncer colorretal de início precoce — como sangramento retal, dor abdominal, alterações nos hábitos intestinais e perda de peso inexplicável — tanto entre os jovens quanto entre os profissionais de saúde primária. Isso pode ajudar a reduzir os atrasos no diagnóstico e diminuir a mortalidade.
Causa e prevenção
O câncer de intestino abrange os tumores que se originam no intestino grosso (cólon) e no reto, sendo também denominado câncer colorretal ou de cólon e reto. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 45.630 novos casos por ano.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de intestino incluem idade (acima de 50 anos), sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, e uma alimentação pobre em frutas, vegetais e alimentos ricos em fibras. O consumo excessivo de ultraprocessados e carne vermelha também está associado a um maior risco de desenvolvimento da doença.
Além disso, o Inca aponta que histórico familiar de câncer de intestino, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas são fatores de risco adicionais, assim como doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn.
A prevenção do câncer de intestino envolve manter um peso corporal saudável, praticar atividade física regularmente e adotar uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes e cereais integrais. Também é importante evitar o consumo de ultraprocessados e o tabagismo como medidas de prevenção.