Max, um English Springer Spaniel, tinha tudo para ser um cão de caça, mas seu destino tomou um rumo inesperado. Com um olfato apurado, ele agora trabalha na conservação da fauna, usando suas habilidades para farejar fezes de coalas. Essa técnica ajuda pesquisadores a monitorar a saúde e os hábitos da espécie, contribuindo para sua preservação na Austrália.
Nativos da Austrália, os coalas foram oficialmente classificados como espécie ameaçada em grande parte da costa leste do país em 2022. Estudos indicam que sua população diminuiu pela metade nas últimas duas décadas, resultado de múltiplas ameaças, como a perda de habitat, doenças, seca e incêndios florestais.
Max, o cão farejador treinado pela organização Canines for Wildlife, tem uma missão especial: encontrar fezes de coalas. Sempre que descobre uma amostra, ele se deita ao lado dela e a cutuca com o nariz, aguardando sua recompensa – uma bola de tênis.
Essas fezes são fundamentais para a conservação da espécie. Análises laboratoriais revelam se o animal tem doenças como clamídia, que pode causar cegueira e infertilidade e se tornou comum entre os coalas. Além disso, testes genéticos ajudam os ecologistas a entender como esses marsupiais estão se movendo e se relacionando dentro de seu habitat.
Pesquisadores identificam coalas individualmente por meio da análise de suas fezes. Segundo Jack Nesbitt, fundador da Canines for Wildlife, essa técnica permite monitorar a saúde da espécie de forma não invasiva.
Extinto 2025
O maior risco para os coalas é a destruição de seu habitat, impulsionada pelo desmatamento para agricultura, urbanização, mineração e silvicultura. Uma investigação parlamentar de 2020 alertou que, sem uma intervenção governamental urgente, os coalas podem ser extintos em Nova Gales do Sul antes de 2050. O relatório também questionou a estimativa oficial de 36.000 coalas na região, classificando-a como desatualizada e pouco confiável.
A perda de habitat reduz o acesso dos coalas a suas fontes de alimento – principalmente eucaliptos venenosos, que eles evoluíram para digerir. Além disso, o desmatamento pode isolar indivíduos, dificultando a reprodução e aumentando o risco de atropelamentos e ataques de cães domésticos.
As mudanças climáticas agravam a ameaça, elevando o risco de incêndios florestais. Entre 2019 e 2020, mais de 5.000 coalas morreram em Nova Gales do Sul devido aos incêndios, segundo o relatório.