Os parlamentares da CPI do INSS identificaram uma profusão de “inverdades e contradições” no depoimento do presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura, Abraão Lincoln Ferreira, ontem (3). Assim, desde o início do depoimento, os membros da comissão levantaram a possibilidade de prisão de Ferreira, um dos investigados na Operação Sem Desconto, que apura fraudes em descontos de benefícios do INSS.
Convocado como testemunha, Lincoln compareceu com habeas corpus preventivo concedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão manteve sua convocação na condição de testemunha (com dever de se manifestar sobre os fatos), mas garantiu a ele o direito ao silêncio e à não autoincriminação.
A convocação de Lincoln foi pedida em oito requerimentos, segundo informou a Agência Senado, e um deles lembrou que a CBPA, presidida por Abraão Lincoln, está entre as entidades que tiveram bens bloqueados nas ações judiciais ajuizadas pela Advocacia-Geral da União em nome do INSS.
Em outro pedido, o senador Izalci Lucas (PL-DF) apontou que a entidade presidida por Lincoln “não é uma partícipe qualquer, mas um dos eixos centrais da arquitetura criminosa”. Ele citou indícios de corrupção e lavagem de dinheiro e lembrou que o depoente já teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados, além da indisponibilidade de seus bens decretada.
Abraão Lincoln não quis responder sobre quem era o maior destinatário das transferências feitas pela confederação, mas o relator afirmou que a CBPA pagou R$ 25 milhões à Plataforma Consultoria e R$ 15 milhões à Titanium Pay, ambas de Philippe André Lemos, que seria ligado a um dos núcleos investigados pelas fraudes. O depoente não esclareceu quais foram os serviços prestados.
Também houve questionamentos não respondidos sobre a relação do depoente e da CBPA com outros investigados pelas fraudes, como Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS. Empresas ligadas a Antunes, como a Brasília Consultoria, a ACDS Call Center e a Plural Intermediações, teriam recebido recursos da CBPA.




