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sábado, 20 abril, 2024

Corrupção não é novidade, diz ex da Camargo Correa

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Traído por diretores da Camargo Correa, ex-diretor financeiro resolveu contar o que sabe. É de arrepiar
Pouca gente conhece o administrador de empresas João Paulo dos Santos, hoje com 82 anos. Ele trabalhou numa das maiores construtoras do Brasil, a Camargo Correa, durante 42 anos e foi tão íntimo do fundador, Sebastião Camargo, que tinha uma sala ao lado da dele, e melhor, até o sabia o segredo do cofre.
Sentindo-se traído pelos atuais diretores, João Paulo resolveu contar o que sabe, e a revista IstoÉ não deixou por menos – foi aos detalhes. João Paulo também era encarregado de controlar as contas bancárias de todas as obras da Camargo, mas a confiança de Sebastião Camargo era tanta que ele foi o escolhido para ser o homem da mala preta.
Ou seja, desde os anos 1950 a Camargo Correa dava uma engraxada nos políticos em troca de grandes obras. E não era coisa miúda. Sobre ex-governadores, João Paulo dá detalhes: Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho usavam intermediários para receber a propina; Maluf gostava de pegar o dinheiro pessoalmente.
João se arriscava muito: “Umas três vezes entrei no Palácio dos Bandeirantes com uma maleta do tipo 007 com um milhão de dólares dentro dela”, afirma ele. Maluf recebia o dinheiro em casa. Recebia João Paulo, levantava uma almofada do sofá, depositava o dinheiro, colocava a almofada de volta e sentava-se nela.
João Paulo escapou do ex-presidente Fernando Collor, outro conhecido corrupto. Na época, Collor mandou seu então tesoureiro, o asa-negra Paulo César Farias, o PC (assassinado em Maceió), conversar com o dono da construtora. PC pediu 23% de comissão em cada obra, e Sebastião Camargo o mandou para aquele lugar.
Na entrevista a IstoÉ, João Paulo contou os detalhes de como superfaturar as planilhas para pagar propinas. O artifício, segundo ele, foi usado na construção da barragem do Lago Paranoá, em Brasilia, na Hidrelétrica de itaipu, na Ponte Rio-Niterói e num sem número de estradas estaduais e federais, pontes, viadutos, túneis e afins.
O túnel do Jóquei Clube, na Capital, por exemplo, tinha custo de 50 milhões de dólares. Por causa do jabá, acabou reajustado nas planilhas e ficou em 90 milhões. Nessa, o jabá de Maluf foi de 10%, pago pessoalmente por João Paulo.
No ano passado, quando o juiz federal Sérgio Moro começou prender os donos e diretores de empreiteiras na Operação Lava Jato (Petrolão), João Paulo resolveu procurar o Ministério Público. Contou tudo ao promotor Augusto Rossini, que promete abrir inquérito. Problema: do ponto de vista jurídico, os crimes já prescreveram, mas ainda é possível tomar essa dinheirama de volta.
Os diretores da construtora – esperar o que? – acusam João Paulo de inventar as denúncias para tentar extorquir a empresa. Maluf não responde nada, Fleury mandou avisar que não conhece o cara e Quércia morreu pobrezinho – dono da metade da avenida Paulista e das terras do interior.
João Paulo vai além. Afirmou que na época de Quércia entregava a Otávio Cecato, que era presidente do Banespa, 1,5 milhão de dólares por mês, durante os quatro anos de governo. Fleury era mais modesto – ficava com 10% de comissão. Outro que gostava do jabá era Jânio Quadros, quando foi prefeito de São Paulo.
Uma coisa a Camargo Correa tinha de bom: até a morte do fundador (1194), Sebastião Camargo, não participava de cartéis, não combinava preços e pagava pontualmente o jabá. Depois de sua morte, muita coisa pode ter mudado, a ponto de ter diretores presos na Lava Jato. Sebastião deve ter virado no túmulo.

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