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quinta-feira, 25 abril, 2024

Guerra à dengue: perdemos, o mosquito ganhou

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Nova vergonha nacional, dengue já pode ser considerada epidemia. Há quase oitocentos mil infectados no país
De janeiro até metade de abril, 750 mil pessoas estava infectadas pela dengue – comprovadamente. Nesse tempo, a cada 11 horas um brasileiro morreu por causa da doença. E a cada dia, surgem novas histórias sobre os efeitos da dengue, como gente que perdeu parte da visão, gente que não melhora e gente que morre sem saber o porquê.
As prefeituras estão gastando até o que não podem para orientar o povo, fiscalizar as casas e destruir criadouros – até o velho fumacê foi colocado de volta à ativa. Para muita gente, o problema não é fazer campanha, e sim fazer campanha certa.
Questiona-se, por exemplo, a visita de agentes de saúde às casas. Olham vasos de plantas, possíveis lugares onde o mosquito possa se criar. E só. Poucos atentam para os telhados, onde uma calha entupida pode acumular água. Ou às lajes de concreto, sem cobertura, que empoçam água de chuva.
Depósitos de sucatas pouco são fiscalizados. Menos ainda os pátios onde se recolhem carros após acidentes ou em situação irregular. Na maioria dos casos, esses carros, que costumam ficar meses à espera dos donos, também acumulam água.
Quem está infectado enfrente outro problema – a falta de estrutura de atendimento. Postos de saúde vivem lotados, e laboratórios estão entupidos com pedidos de exames. N estado mais rico, mais desenvolvido, há mais de 400 mil casos da doença. E isso aumenta o medo da população. Basta ver as vendas de repelentes.
Um laboratório, o Osler, que fabrica o Exposis, aumentou 11 vezes sua produção. Só para atender pedidos de farmácias. No ano passado, o Osler fabricou 110 mil unidades do repelente entre janeiro e abril. Neste ano, de janeiro a abril, passou de 1.200.000. As grandes redes afirmam que o aumento de vendas passou dos 100%.
E esses repelentes, antes escondidos nas gôndolas, agora estão em lugares mais visíveis – normalmente perto dos caixas. Na maioria das escolas a rotina também mudou. Parte do tempo é usado para ensinar às crianças como evitar a doença. Professores de algumas só vão trabalhar depois de passar repelente no corpo.
Na capital paulista, há atendimentos de emergência. Na Vila Brasilândia, foram montadas tendas – uma espécie de consultório móvel – em parceria com o hospital Albert Einstein. E foram quatro mil atendimentos desde o começo de abril. Todo mundo com dengue.
Nos hospitais particulares a crise não é tão grande, mas há dias em que se espera horas pelo atendimento, tamanha a procura. No Sírio-Libanês, na capital, o atendimento a casos suspeitos de dengue aumentou 40% – e não é qualquer um que pode usar um hospital desse porte e com esses preços.
Mas tudo isso é consequência. A dengue tem uma causa, e ela se chama falta de prevenção. Começa pelo desleixo com que as coisas são guardadas, passa pela ignorância de parte da população e envolve até o planejamento urbano. . “A dengue é a doença que mais retrata a urbanização caótica em que vivemos”, diz o infectologista Artur Timerman, autor do livro Dengue no Brasil, Doença Urbana.
E essa situação tem tudo para ficar pior. A dengue tem quatro tipo de vírus. E o mesmo mosquito transmite outra doença, a Chikungunya, que aos poucos está infectando mais gente. . “É uma questão de tempo para que a febre chikungunya se torne outra epidemia”, afirma Fernando Gatti Menezes, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Albert Einstein. Moral da história: o mosquito ganhou essa guerra.

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